A garotinha que viajava
Era uma vez uma garotinha que gostava muito de viajar, mas eram viagens diferentes. Não viajava de avião, de carro, de ônibus, de caminhão: viajava na mente, nas histórias que lia. Sem sair do lugar, ela ia pra lugares incríveis, que não podia antes imaginar.
Um dia viu uma imagem de uma torre numa revista, tão grande e tão bonita que ela muito admirou. Foi até a sua mãe e perguntou que torre era aquela. A mãe lhe contou que era a Torre Eiffel, que ficava em Paris, capital da França. E, sempre que via mais uma imagem, e outra, e outra, perguntava a alguém mais velho do que se tratava. O que ninguém sabia é que, depois de ter conhecimento sobre os lugares, ela ia a cada um deles, seja lugares reais ou imaginários. Sem nem precisar tirar o passaporte, afinal, as viagens da imaginação não têm essas complicações de adulto.
Chegou um dia que ela não precisava mais perguntar a ninguém sobre os lugares: tinha aprendido a ler na escola e a cada semana pegava um livro novo na biblioteca para ler. Às vezes, mais de um. Ela ficava fascinada por cada mundo que conhecia por meio daquelas histórias. E viajava, cada vez pra mais longe.
Viajava não só para a França, mas ia pra todo lugar: Roma, Espanha, Austrália, e até mesmo o Japão! Viajava para o país das maravilhas, ou para perto do Pequeno Príncipe. Viajava lado a lado com a Cigarra e a Formiga, com os três porquinhos, com Cinderela, via seu sapatinho perdido (e até ajudou o príncipe a encontrá-la). Como recompensa, ganhou mais livros de contos, para que pudesse viajar mais. E lia, e lia, e viajava nas palavras. Viajou para reinos distantes, e outros mais perto, mas sempre soube de uma coisa: como era bom viajar! Viajando nas ideias daqueles livros, ela aprendia coisas que o mundo sozinho podia até lhe ensinar, mas bem lentamente. Ler era gostoso porque não precisava de dinheiro para viajar, nem demorar horas arrumando uma mala. Era uma viagem que só tinha parte boa: viajar na leitura era a melhor viagem que se poderia fazer na vida.
Um dia sua mãe foi até ela contar que o pai conseguiu um emprego. E ele, a mãe e a garotinha iam morar em Paris, lá mesmo, pertinho da Torre Eiffel. A menina ficou tão feliz, pois desde as suas primeiras viagens na imaginação, tinha curiosidade por aquele lugar, desde a imagem que viu no início de sua infância. E agora, ela teria a oportunidade de morar lá. Então, ela virou pra sua mãe e disse:
- Mãe, eu vou adorar morar lá com vocês! E sei que vamos fazer uma viagem looonga para chegar a Paris, mas nunca deixarei de lado minhas viagens na imaginação. Essas são legais de qualquer lugar onde eu estiver!
E ali a mãe entendeu, que por mais que eles viajassem todo o mundo, a melhor viagem da filha seria aquela que ela sempre fez: para dentro de si mesma, para a imaginação.