BEIJO GUARDADO
O moleque não beijava ninguém. Nem a mãe. Quando chegava visita em casa era desfeita na certa. Emburrado, ficava no canto ouvindo os apelos das tias, primas, madrinhas para um inocente beijinho. E quando acontecia de ser pego de surpresa, o menino não perdia tempo em limpar o beijo molhado recebido na bochecha.
Um dia, porém, ao chegar da escola - como de costume - a mãe tratou logo de enfiar o garoto debaixo do chuveiro. Com as mãos no rosto foi logo ordenando a mãe:
- Não lava aqui não, mamãe. Senão o beijo sai.
A dona do beijo era aluna nova na sala, de longos cachos dourados e de uma capacidade pueril de mudar a opinião de um homem.