O mosquito na calçada
A tarde estava tão quente como se todos os mosquitos inventassem de sentar na mesma calçada. Os raios do sol iam e vinham para lá e para cá, enquanto os mosquitos balançavam as perninhas finas, desengonçadas, buscando um pouco de brisa.
Os mosquitos mais gordos, estes nem tinham mais saliva. Mal moviam o bico e a boca sem dentes era de uma expressão triste e murcha.
_ Ui! Ai! Fasta para lá um pouco, diziam uns aos outros quando se amontoavam pelo correr do vento.
E cada vez mais mosquitos. Pois não era que bem perto dali tinha um curral! As vacas mostravam os dentes e abanavam o rabo espantando outro amontoado de mosquitos.
Quando um dos mosquitos decidiu-se voar para a sombra da varanda, as asas estavam tão secas devido ao vento também muito quente que elas apenas se moveram de leve, como se tivessem amarelado ou envelhecido.
De repente, da porta do curral surge uma senhora com um balde cheio de leite. Os mosquitos se animaram e soltaram palavras de confetes:
_ Oba! Pam – pam – pam!
E o mosquito, muito apressado, esquecido já da fraqueza, levantou as pernas para dar um voo mais desenvolvido e... Paf! puf! a mulher pisou no inseto.
Os outros levantaram as asas com olhos assustados e voaram numa fração de segundos em sucessivas manobras áreas, todas fugitivas.