O tamanho de uma vaca
Dois bem-te-vis resolveram pousar na janela de uma sala de aula. Princ-princ fizeram as patinhas no peitoril de ardósia. Então, com receio de serem notados, baixaram o corpo e ficaram de assobio quieto.
E o sol corria solto no pátio... tão bom, mas os bem-te-vis estavam atentos ao que a professora dizia.
Ahn! Não entenderam a linguagem. Era um blá-blá-blá sem fim que a impressão era de um lugar fechado com vários sons misturados.
Então, um dos pássaros espiou com mais atenção – A professora escrevia enquanto falava! E eles ouviram quando ela leu um par de palavras: formiga/vaca.
Do alto da janela, os bem-te-vis vibraram os olhinhos, animados, como dois meninos curiosos. E repetiram com a classe:
_ For-mi-ga, va-ca!
De repente, não se cuidava noutra coisa na sala na fosse esta pergunta da professora:
_ aqui estão as palavras formiga e vaca, qual é a palavra maior?
Os bem-te-vis pararam. Nenhum dos três alunos que falaram parecia saber da resposta. Todas aquelas palavras escritas com letras bonitas, e uma professora que dizia: “Muito bem, formiga”... Não entendiam que uma vaca é maior? Ora, formiga era uma “coisinha miúda”, isso mesmo, uma coisinha. E uma vaca derruba galhos, sustida sobre as patas...
E as crianças misturadas com a voz da professora, ou perguntando mais das palavras na lousa... Que ficou no ar um prazer de gente por dentro de tudo.
Mas os bem-te-vis não ficaram para saber desse mundo sem sentido... para eles.
Ouviu-se um bater de asas e, no azul do céu, cantos se ergueram:
_ Bem-te-vi, bem-te-vi...