O MOLEQUE ATRAPALHADO

Didico era um moleque muito atrapalhado, tudo que fazia sempre dava errado. Ele morava com seu avô Juca Sapo, um velhote simpático e muito engraçado, que gostava muito de contar piadas e inventar causos. Todo dia bem cedinho o vô Juca ia tirar leite das vaquinhas que tinha no pequeno sitio e o Didico também ia para ajudar na lida. Mas era só atrapalhada, pois quando ia tirar o leite não amarrava direito as pernas da vaca, ela pulava e lá se ia pro chão Didico e o balde de leite.

Então o vô Juca que era muito paciente dizia rindo para ele:

- Menino você não tem jeito mesmo, só faz atrapalhada, já lhe falei tantas vezes que tem que pear bem a vaca, senão acontece isso mesmo. Vou lhe explicar de novo; você passa a peia na vaca, amarra bem as pernas dela com a corda e dai não tem perigo de ela pular.

- Tá bem vô, vou prestar mais atenção e fazer como o senhor mandou.

E lá foi o Didico tirar o leite de novo e pelo menos perto do seu avô Juca, conseguiu ordenar a vaquinha. Depois de beber o leite no café da manhã foi dar milho para as galinhas, e o avô lhe disse que tomasse cuidado com o galo carijó que era muito bravo.

Didico que também era arteiro pegou uma galinha para tirar as penas da asa para fazer peteca, que era feita a base com palha do milho e depois punha as penas coloridas e ficava uma beleza para brincar com os amigos da escola.

E aconteceu que a galinha começou com uma gritaria e o galo carijó veio ver o que estava acontecendo e aí... pobre do Didico, levou tanta esporada que largou as penas todas pelo chão. Chegou chorando com marcas de espora na perna.

Seu Juca não aguentou e começou a dar risada, mesmo com dó do menino atrapalhado e disse:

- Ocê não tem jeito mesmo, mexer com a galinha perto do galo é procurar encrenca, ponha-se no lugar dele, se alguém mexer em alguma coisa que lhe pertença você vai defender não é mesmo!

Desse dia em diante desistiu da peteca de pena de galinha e nem chegou perto do galo carijó, que quando avistava o Didico batia as esporas e cantava.

Um belo dia convidaram Seu Juca e Didico para uma reza na vizinhança, e lá foram os dois para a novena na casa da Dona Maricota.

O Didico gostava de rezar, mas trocava muito as palavras, e também sempre que podia ia às novenas, pois depois tinha bolo e refrigerante, como ele ficava feliz!

Começaram a rezar e cada pessoa rezava uma parte do terço, até que chegou a vez do Didico rezar a ladainha que era assim (Oh! Meu Jesus Perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno e socorrei as almas que mais precisarem), então ele começou todo pomposo:

- Oh! Meu Jesuis perdoai nóis, levai nóis todos pro inferno e soque o reio nos que mais precisa...

Aí ninguém aguentou sem dar risada e o Didico continuava com a ladainha...

Depois foram comer e o Seu Juca falava:

- Esse meu neto não tem jeito mesmo, ele é atrapalhado, mas é um bom menino, quem sabe um dia ele aprende as coisas certas, é só ter paciência.

Mas que nada, ele continuou sempre com suas trapalhadas, mas era muito querido por todos.

There Válio – 08-05-12