O passeio da lagarta
Uma manhã em que o sol tinha resolvido brilhar após um sereno, uma pequena lagarta decidiu sair de casa.
_ Hum, acho que vou passear um pouquinho!
E a flor que a hospedava, investigou:
_ Você não tem medo de ser devorada ou pisada?
A pequena lagarta, já colocando as patinhas no pedículo, falou indecisa:
_ Bem, eu preciso caminhar para exercitar minhas pernas...
Na mesma hora a flor concordou plenamente. Todavia ficou pensativa. Ah, lagartinha! Você é ainda tão pequena!... E os olhos da flor se encheram do orvalho da manhã, sem conseguir falar.
A pequena lagarta desceu pelo caule e, toda atrapalha, sem saber que perninha colocar na frente e se resolveu pela frontal direita (para ter sorte, que ideia!). E num sorriso triunfante terminou a descida da árvore. Afinal, tudo estava indo bem e ela era quase uma lagarta viajada.
O chão estava um horror! Tudo molhado por ali. Mas ela, com muita animação, achou a maior novidade. Os pelos do corpo foi que se arrepiaram um pouco quando ela teve de passar por uma poça de água. Ui! Puxou rápido as perninhas. Era um rio! Era um rio! Ah, não! Deduziu quando pôde atravessá-lo sem se molhar indo um pouco para o nascente.
_ Er... Ahn... _ balbuciou atrapalhada sem saber que direção seguir.
Nisso deu uma olhada para frente e avistou umas crianças brincando debaixo de um cajueiro. O cheiro dos frutos maduros fez que suas ventas dilatassem.
_ Oba! _ gritou animada. Na voz da lagarta sentia-se que a boca estava úmida de vontade de comer cajus.
Então saiu arrastando as patas traseiras na pressa de chegar logo ao tronco da planta.
Crack! Ouviu-se quando o corpo dela se chocou com um graveto. A situação se agravou porque uma das crianças resolveu empurrá-la com um galho seco. A pobre até se esqueceu da dor da pancada! Credo! Como esse menino era ruim!...
_ Bli-bli-bli _ a lagarta falou, mas as crianças não entenderam, nem chegaram a ouvir, pois não sabiam nada de língua de lagarta.
E assim ia ser era uma vez uma lagarta, se lá não houvesse uma menina. A pequena lagarta ficou até admirada de haver uma criatura humana de tão bom coração.
_ Ué! Por que você vai colocar essa lagarta na roseira da mamãe, Aninha, se ela vai só serve para comer folhas? _ questionou um dos meninos.
_ Ah! Ela vai se transformar numa linda borboleta e quem sabe não é amanhã! _ disse isso e depositou com todo cuidado o animal nos galhos da planta.
Quando o bichinho se viu livre, resolveu ficar bem quietinho, suspirando e pensando que seu passeio chegara ao fim, por enquanto. Pena é que ela ficou tão amedrontada que não se lembrou de dar um sorriso para aquela menina. Bom, talvez quando ela for uma borboleta...