História para ninar Amanda (A menina e a flor - Parte V)

Disse que me pedia perdão e, me perdoava por nunca procurar entende-la. Dona Elza falava, e as lágrimas rolavam por seu rosto. As lágrimas demoravam a cair, por causa daquela pele enrugada pelo tempo. A menina foi enterrada ali na frente, onde hoje é o jardim. Já se passaram trinta anos que isto aconteceu. No lugar onde a Débora foi sepultada nasceu uma flor muito bonita. Passavam-se os anos e a flor nunca morria. No começo eu fiquei assustada com aquilo, nunca entendi de encantamentos. A gente sem instrução só sabe mesmo é trabalhar e, acaba nem dando a atenção aos filhos, que na verdade são o todo de um tesouro em nossos corações. Muitas vezes, eu ali, de joelho rezando, pedindo perdão por ter feito o que fiz e a flor virava para mim, ficava maior e chegava até a brilhar como uma luz divina. Cada vez que eu rezava, mais ela se fortalecia. Passei a conversar com a flor durante o dia e ela parecia feliz. Até que um dia destes, seu pai, entrou no quintal cortou a flor, de tão encantado que ficou pela sua beleza. Sei que ele não fez por maldade. Pedi a ele que no lugar da minha filha, a menina flor, que ele me desce uma das suas filhas, se não ela adoeceria até morrer, como aconteceu com a minha filha. Foi assim que você adoeceu e seu pai a trouxe para mim no lugar da Débora. A inocente Amanda, ainda estava perplexa com tudo aquilo e mais agora com aquela histéria do encantamento da Débora.
- Então passarei a morar com a senhora a vida inteira?
Não. Respondeu Dona Elza. Eu também tenho um coração. Vou continuar rezando para minha filha e pedindo perdão a Deus pela minha incompreensão. Você ficará comigo até se recuperar. Logo seu pai ou sua mãe passarão por aqui e eu devolverei você. Eu só quero que ele entenda que a família é tudo. Que deve dar atenção a todos os filhos e os tratar com muito mais carinho do que as outras coisas que existem. Os filhos na verdade são presentes de Deus que temos que cuidar, com tanto carinho, como se tivéssemos cuidando de flores, face a sua delicadeza. Ele na verdade cometeu o mesmo erro que eu. Amanda chorava. Seu pranto era de alegria, porque já sabia a verdade daquela história.
Lá na casa do senhor Joaquim, as coisas não iam muito bem, ainda debilitado, passados duas semanas do ocorrido. A Saudade da menina era tanto que ele não sabia dizer. A pior coisa que existe neste mundo é esconder sentimentos.

A saudade dele apertou tanto, que foi falar com a velha disposto a tudo. Esta o recebeu secamente como era o seu costume.
- A senhora me deixaria ver minha filha, eu lhe imploro, disse ele.
Ela o fitou no fundo dos olhos e disse
- Espero que tenha aprendido sua lição nesta semana. Ame suas filhas e as trate com muito amor. Pode levar sua filha. Deus já me perdoou, posso também perdoar.

Na hora que viu sua filha na sua frente. Perfeitamente arrumada e com saúde se dispôs a chorar e agradecer a Deus. Caiu de joelho aos pés da velha senhora e agradeceu.

Não sei das flores, pequenina filha. Mas sei do amor.
É este que nos faz tão agradecido a Deus.


Fim


De Magela





DE MAGELA POESIAS AO ACASO
Enviado por DE MAGELA POESIAS AO ACASO em 05/04/2012
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