O sapo cururu
Farfalhavam as folhas do umbuzeiro enquanto um vento frio passou perto do riacho. O velho sapo cururu: atchim – atchim... Mas a chuva que vinha tinha um cheiro doce...
Longamente coaxaram os pequenos sapos. Alguns se acomodaram dentro das águas do riacho.
Um pescador de feições risonhas, assobiando um resto de música que não se tinha dúvidas de que gostava de cantar. Então, parou e sentou à beira do riacho com sua tarrafa para pescar.
Os sapos começaram a pular na água: poc-poc-poc! – E o homem sem saber o que fazer, pois seus braços esqueceram a tarrafa e, seus olhos admirados com os saltos, estavam cativos dos sapos.
O sapo cururu, antes quieto numa pedra, aproximou-se do homem.
O pescador na beira do riacho.
O ar atravessado de coaxos.
Ainda um espirro do sapo.
Nuvens grossas cobriram a tarde.
E grandes pingos começaram a cair. Um trovão se precipitou estremecendo o homem que correu pelo caminho de volta a casa.
Mas foi apenas quando abriu a porta que percebeu o sapo. Ainda outros espirros do animal... Que se misturaram com os sons dos trovões...
Na varanda da casa ficou o velho sapo enquanto na cozinha o cheiro do café ganhava outros lugares...
_ E por que é que os meninos jogam sal nos sapos? Eles têm medo de sal?
_ Ora, isso é coisa de menino malvado... Os coitados morrem desidratados, já que a pele deles precisa estar molhada para realizar a respiração cutânea. Pois o sal suga a água, impedindo que o processo ocorra. Então, como também sente dor, o bicho tenta se livrar do mineral.
_ Pai, e o senhor nunca teve medo de sapo?
_ Mas é claro, essa história é a mais pura verdade. Pergunte para sua mãe. Nós já éramos casados quando isso aconteceu.