Concurso de paródias na escola
Maria estava organizando a turma do sexto ano para o concurso de paródias da escola. Tarefa árdua, pois os participantes só queriam parodiar letras extremamente sensuais, nas quais a ambiguidade era incompatível com o públido infanto-juvenil. E, o que é pior, ainda tinham as coreografias com gestos obscenos!
Nessa turma, estudava Fernando, ou Nandinho, o irmão da Joana (a do quinto ano). Tal como a irmã, Nandinho era sapeca e gostava de aprontar! Ele era o terror dos professores, menos para Maria, com quem gostava muito de conversar e mostrar seus versos (queria ser rapper).
Dadas as devidas instruções, esclarecidas as dúvidas e iniciando a compilação das músicas, Maria, novamente, pediu: " Por favor, tenham bom senso e não criem paródias ofensivas, obscenas ou que venham a prejudicar alguém".
Depois de ouvir tudo atentamente, Nandinho perguntou à professora: "Fessora, eu posso falar sobre uma coisa corriqueira, tipo assim, do cotidiano? É que eu quero falar de uma coisa que pode acontecer com qualquer um, sabe?"
Conhecendo seu aluno, Maria imaginou que ele faria uma paródia de protesto, de caráter crítico-social. Pobre Maria... Os planos do menino eram outros.
Chegado o grande dia, Nandinho não mostrou sua letra e disse que seria uma surpresa para a turma. Mas quando ele comentou que parodiara a música de Michel Teló, a professora quase teve um AVC. Ficou pálida e já imaginava a repercussão: "Meu Deus, o que os pais vão pensar?!". Era um dia especial, no qual toda a comunidade escolar estava reunida.
Aflita, Maria correu até Joaninha para saber algo a respeito do conteúdo da letra do irmão. A menina sorriu, falando que também ajudou na letra e que a música falava de algo tão natural quanto respirar. A professora não entendeu nada.
Na hora da apresentação de Fernando, Joana subiu ao palco e anunciou:
"E com vocês... Michel Tem Dó e o sucesso Caca na Parada".
Maria, um tanto sem jeito, observava tudo atentamente, enquanto Nandinho era recebido, com muitas palmas, no palco. E o show começou...
" Sábado, na parada
O busão demorava a passar.
Eu já estava com dor de barriga
E, atrás do poste, eu comecei a cagar...
Nossa, nossa... O cheiro é que me mata!
Ai! Credo, credo!
Ai, ai... Credo, credo!
Fedida, fedida,
Assim é minha caca!
Ai, credo, credo!
Ai, ai, credo, credo!"
A coreografia, divertida e original, trocou os apelos sensuais por movimentos conhecidos de quem já sofreu dor de barrida em hora inconveniente. A gargalhada foi geral! Alguns colegas filmaram tudo pelo celular.
Passado o susto, Maria foi cumprimentar o vencedor do concurso: " Você e Joaninha me pegaram direitinho. Parabéns!"
No mesmo dia, o vídeo da paródia bombou no Youtube e mais de um milhão de pessoas se divertiam cantando "Caca na Parada" de Michel Tem Dó.