VIRA LATAS SEM ASAS
Acontecimento verídico, ouvido dentre lágrimas de uma nova amiga no salão da Jemima em Maringá.
Ela era feliz... Ao menos isso eu acreditava pois ela havia sido resgatada da penúria e vindo morar num palácio improvisado já mobiliado. Foi batizada Tuninha, recém tirada dos maus tratos da rua, vivia agora em meus braços. Sua cor inteira ,retrato da cor da noite, contrastava com a cor pálida do meu quarto.
Os dias corriam tranquilos, enquanto eu saia para trabalhar, seu serviço era me esperar e dar-me todo o carinho guardado. Muitas vezes me recebia na porta, noutras vezes sequer me olhava ou então, lançava aquele olhar lânguido que lhe era tão peculiar.
Ela passava os dias em paz, entre assistir TV, dormir de dia ou perambular pelo novo lar. Ela recebia afagos ao passar, mesmo estando no sofá eu a sentia perto de mim. Vez ou outra tínhamos tempo para passear juntas, como se nosso compromisso fosse apenas o de viver aquele momento.
Sim, éramos felizes ao extremo, com bem poucas coisas e momentos, onde mesmo não respondendo, sabia que me entendia e me aceitava.
Na volta do trabalho, lá estava ela me aguardando mesmo sem assim eu ter determinado. Companheiras no dormir e no levantar, sempre ronronando antes do despertador.
Eu me enganei ao imaginar que ela era feliz, vim a saber isso bem depois do fim. Eu não tinha compreendido seu olhar para fora das portas e janelas que eu fechava deixando-a em casa. Ela não compreendeu que tomava essa atitude para cuidar dela. Ela não sabia que ao sair de casa, eu deixava a alegria descansando nos seus olhos
Foi então, que cansada de esperar pelo sol e lua entrarem, ela resolveu
criar asas e pular pelo abismo da janela do apartamento que era na verdade calabouço.
Foi o baque no chão que me acordou o coração em sobressalto. Ela foi perdendo uma a uma suas vidas nos sete andares do prédio que a separaram da modernidade lá de fora.
Vida essa que me era conhecida, vida essa que eu também perdi junto a morte de minha gatinha, vira-latas sem asas.
Acontecimento verídico, ouvido dentre lágrimas de uma nova amiga no salão da Jemima em Maringá.
Ela era feliz... Ao menos isso eu acreditava pois ela havia sido resgatada da penúria e vindo morar num palácio improvisado já mobiliado. Foi batizada Tuninha, recém tirada dos maus tratos da rua, vivia agora em meus braços. Sua cor inteira ,retrato da cor da noite, contrastava com a cor pálida do meu quarto.
Os dias corriam tranquilos, enquanto eu saia para trabalhar, seu serviço era me esperar e dar-me todo o carinho guardado. Muitas vezes me recebia na porta, noutras vezes sequer me olhava ou então, lançava aquele olhar lânguido que lhe era tão peculiar.
Ela passava os dias em paz, entre assistir TV, dormir de dia ou perambular pelo novo lar. Ela recebia afagos ao passar, mesmo estando no sofá eu a sentia perto de mim. Vez ou outra tínhamos tempo para passear juntas, como se nosso compromisso fosse apenas o de viver aquele momento.
Sim, éramos felizes ao extremo, com bem poucas coisas e momentos, onde mesmo não respondendo, sabia que me entendia e me aceitava.
Na volta do trabalho, lá estava ela me aguardando mesmo sem assim eu ter determinado. Companheiras no dormir e no levantar, sempre ronronando antes do despertador.
Eu me enganei ao imaginar que ela era feliz, vim a saber isso bem depois do fim. Eu não tinha compreendido seu olhar para fora das portas e janelas que eu fechava deixando-a em casa. Ela não compreendeu que tomava essa atitude para cuidar dela. Ela não sabia que ao sair de casa, eu deixava a alegria descansando nos seus olhos
Foi então, que cansada de esperar pelo sol e lua entrarem, ela resolveu
criar asas e pular pelo abismo da janela do apartamento que era na verdade calabouço.
Foi o baque no chão que me acordou o coração em sobressalto. Ela foi perdendo uma a uma suas vidas nos sete andares do prédio que a separaram da modernidade lá de fora.
Vida essa que me era conhecida, vida essa que eu também perdi junto a morte de minha gatinha, vira-latas sem asas.