Essa história e "real", real na imaginação de duas crianças, de 8 e 10 anos, e por tantas vezes contei, como boas lembranças em momentos de descontração. Lembrança dos meus oito anos... e de você Roney, que trago no peito grande saudades, faleceu aos doze anos. Irmão querido, aventureiro, esperto, malandrinho, cheio de vida e sonhos. Ah quanta saudades!
Roney era feito de imaginação fértil que contagiava, me encantava e me enrolava, suas histórias sempre me faziam viajar... eram fabulosas, encantadoras...
Morávamos no Maringá-Velho e, mudamos para a Morangueirinha, uma outra vila em Maringá, o Roney veio com essa:
-Lene, descobri um jeito de irmos no Maringá-Velho, sem precisar de circular, carro, ou mesmo ter que ir a pé!
Eu curiosa:
-Mesmo?! Como?
O Roney começa...
-Eu e o Nicanorzinho, estávamos andando no pomar, na fazenda Maringa, e eu chutava as folhas caídas no chão. Meu pé enroscou numa argola, eu abaixei, afastei as folhas e perguntei. Nicanorzinho, o que é isso?
O Nicanorzinho disse:
-Não é nada não, são coisas do meu avô. Deixe quieto.
Humm, eu marquei bem o lugar, enterrei novamente a argola entre as folhas e pensei, volto aqui mais tarde.
O Nicanorzinho foi para a escola, eu voltei ao pomar, cheguei no mesmo lugar, tirei as folhas e novamente avistei a argola. Puxei, e abriu uma tampa que dava para um túnel. Entrei, era um túnel bonito, e eu vi logo a frente, uma porta com vários botões ao lado. Apertei alguns botões e a porta se abriu. Entrei e logo vi outra porta, e lá os botões ao lado, repeti a operação anterior e a porta se abriu também.
Entrei e encontrei um carrinho, legal, você precisa ver, lindo, a gente pode mudar de cor, se você quiser. Neste carrinho, cabe duas pessoas, sentei e vi que tinha nele também muitos botões. Conforme eu apertava, o carrinho andava e portas se abriam à frente e se fechavam atrás de mim.
De repente, uma porta se abriu e eu voei fora do carrinho e fui cair no Maringá-Velho.
-Nossa! Roney, que legal! Me leva lá agora, quero ver, quero ir também no Maringá-Velho.
-Vou te levar sim, mas só domingo, domingo de manhã o pomar está mais tranquilo, vamos sem ninguém notar.
- E pra voltar? Como fazemos?
- Não se preocupe, eu sei o lugar certinho pra encontrar o túnel na volta.
- Posso chamar a Ivete (minha amiguinha)?
- Não Lene, o carrinho é só pra dois, com o tempo eu vou ampliar, por enquanto é só nós dois e, não conte pra ninguém tá?
- Ah! Ta bom.