O primo dos três porquinhos
Os três porquinhos, Cícero, Heitor e Homero, receberam com festas o primo Edgar, que morava em São Paulo e resolvera passar as férias de fim de ano com os primos que moravam no meio da floresta.
Cícero preparou uma deliciosa limonada, enquanto Heitor e Homero serviam torradas com geléia de uva para o primo Edgar, que quase se empanturrou de tanto comer.
E enquanto comiam, falavam sobre vários assuntos. Curioso, Edgar, queria saber como era a vida no campo e os três irmãos, mais curiosos ainda, queriam saber como era a vida na cidade grande.
Conversavam animadamente quando perceberam que alguém estava chutando a porta. Os quatro correram até próximo a janela que estava fechada e pela fresta da veneziana viram que era o Lobo Mau.
----Vai embora daqui seu lobo idiota! –Gritou Homero.
----Pode soprar o quanto quiser! A nossa casa é feita de tijolos e você nunca conseguira derrubá-la! –Zombou Cícero.
----Você não aprendeu a lição não, seu lobo boboca? Da última vez você quase se arrebentou de tanto soprar e nem ao menos um grãozinho de areia conseguiu arrancar! –Completou Heitor.
O Lobo Mal continuou chutando a porta ferozmente enquanto gritava:
----Vocês pensam que são muito espertos, não é? Pois olhem aqui o presentinho que eu trouxe para vocês!
Os porquinhos olharam pela fresta da janela e viram um enorme trator parado na entrada do quintal.
----O que o senhor pretende fazer com esse trator seu lobo? –Gritou Homero com o coração aos pulos.
----O que eu pretendo fazer? Não é nada não! Eu só quero derrubar essa maravilhosa casa onde vocês moram e depois devorá-los!
----Ai, meu Deus do Céu! –Gritou Heitor—E agora o que vamos fazer? A casa não vai aguentar a força desse enorme trator!
----Vamos correr para o meio do mato! –Sugeriu Cícero.
----Calma Pessoal! Vamos pensar em algo mais inteligente! Se corrermos para o meio do mato ele nos alcançará, pois o Lobo é mais rápido que nós! –Lembrou Homero.
O Lobo Mal ligou o trator e o posicionou de frente para a casa dos três porquinhos.
Edgar que assistia a tudo aquilo passivamente gritou para os primos:
----Tenho uma idéia que pode dar certo! Um de vocês abra a porta e grita para ele que o Rei Leão está aqui dentro tomando limonada com vocês.
----Você está ficando louco! O senhor lobo não é tão idiota a ponto de acreditar numa babaquice dessas. –Exclamou Heitor.
----Façam o que estou mandando! Ele já está vindo com o trator! Se não agirmos rápido ele vai derrubar a casa!
Cícero não vendo outra alternativa resolveu acreditar no que o primo estava arquitetando. Abriu a porta e gritou a todo pulmões:
Pare! Pare! Pare Senhor Lobo!
O Lobo Mau ao ver um dos porquinhos do lado de fora, parou o trator e veio em sua direção!
----Muito bem, meus deliciosos porquinhos! Estou vendo que vocês resolveram agir com a razão, pois já devem ter percebido que com esse poderosíssimo trator nada poderá me deter.
----Podemos sim! –Bradou Cícero com firmeza.
----Ah, então vocês querem me enfrentar? Pois vou passar por cima da casa e depois fazer um belo assado com o que sobrar de vocês três! –Ameaçou ferozmente o senhor lobo.
----Se eu fosse o senhor não faria isso não! O Senhor não sabe a fria que o irá se meter!
O lobo começou a gargalhar zombando da cara do frágil porquinho.
----Eu vou entrar em uma fria e vocês vão entrar em uma quente, pois pretendo fazer um delicioso assado com batatas de vocês três.
----Isso se o Rei Leão deixar! –Disse o porquinho.
----O Rei Leão? Deixa de ser idiota! Ele pouco está se importando com vocês! –Retrucou o lobo.
----Ai é que o senhor se engana! Ele acabou de tomar chá com torradas conosco e agora está tirando uma soneca no quarto de hospedes! E eu acho que se o senhor acordá-lo com essa barulheira toda, com certeza irá devorá-lo.
O lobo novamente começou a gargalhar achando graça naquela história que o Cícero acabara de contar.
----Será que está escrito idiota aqui na minha testa! Vocês acham que eu vou acreditar numa mentira dessas!
Edgar que estava encostado à porta cochichou para o Cícero:
----Diga a ele que você irá acordar o Rei Leão!
Cícero obedeceu imediatamente.
----Ah, então o senhor está achando que é mentira, né! Pois então espera só um pouquinho que eu vou acordar o Rei Leão!
Cícero virou-se e começou a gritar:
----Majestade! Majestade! O lobo está aqui fora dizendo que vai passar por cima do senhor com um trator e depois vai colocá-lo no forno para assá-lo com batata.
Nesse momento o Edgar que estava escondido do lado de dentro, junto à porta, soltou um rugido tão forte que quase derrubou a casa.
O Lobo Mau ao ouvir aquele rugido não teve dúvidas, desembalou numa enorme carreira pelo meio da floresta que deve estar correndo até agora.
Os quatro porquinhos se abraçaram e começaram a rir.
E enquanto se deliciavam com as torradas e a limonada o Cícero perguntou:
----Me diga uma coisa primo: como você conseguiu aprender a falar a língua dos leões.
Edgar estufou o peito todo orgulhoso e respondeu:
----Primos, na cidade onde eu moro existem várias escolas de línguas e hoje em dia com a globalização as coisas andam tão avançadas, que quem não souber falar pelo menos duas línguas não consegue arrumar um bom emprego.
----E além disso acabamos de aprender mais uma coisa: Nesse mundo de modernidades, para nos defendermos dos lobos que nos rodeiam, no mínimo, a pessoa tem que aprender a língua dos leões! --Completou Heitor.
Abraçaram-se novamente e começaram a rir ruidosamente ao lembrarem-se da cara do lobo quando ouviu o rugido vindo de dentro da casa.