A CURIOSIDADE DE DOIDIVÂNIA

Quando ainda se amarrava cachorro com lingüiça, nos idos dos anos que não voltam mais, uma menininha, DOIDIVÂNIA, de vestido verde com flores azuis, com laços de fita nos cabelos castanhos e cacheados; de sapatilha com borboleta de elástico, corria pela casa.

E todos a ouviam-na gritar sua palavra preferida:

- Mamãe! Mamãe!

E a mãe pensava: “senhor socorra-me, pois lá vem mais uma inquisição da minha menininha!”

“ELA” chegava suspirando e na bucha perguntava:

- De onde vem o ovo, mamãe?

Já sabendo que não iria acertar com a resposta a mãe respondia:

- Ora filhinha o ovo nos é dado por Deus.

Quase interrompendo a mãe “ELA” complementa:

- Mas eu vejo todos trazerem o ovo lá do supermercado!

A senhora ainda receosa argumenta:

- O que houve filhinha, o que realmente você quer saber?

A menininha intrigada com aquela ladainha explica:

- É que a Perpéstuma disse que o ovo vem da galinha, e eu disse que não, pois a senhora sempre traz ele nas caixinhas lá do supermercado, não é?

A mãe sorriu e com paciência explicou tudo, desde a galinha que era pintinho, do pintinho que cresceu... bem explicadinho. A menina também sorriu e agradeceu:

- Obrigada mamãe!

E saiu marcando mil. Foi novamente brincar com as coleguinhas. E contar como realmente o ovo vinha ao mundo.

Mas eis que no outro dia cedo estava Doidivânia com um novo dilema.

- Mamãe, o que é paz?

Dona Alenikova pensou... pensou... e resolveu adiar a explicação.

- Filhinha, depois que a mamãe terminar as tarefas domésticas ela te explica.

Doidivânia faz beicinho, fica vermelha como um pimentão, ameaça chorar; e, volta a carga:

- Mas mamãe a Perpéstuma quer que eu a deixe em paz!

- Oh! Querida, esta paz que a Perpéstuma quer é sossego.

- O que é sossego?

Dona Alenikova sorri e exclama:

- Ah! Esta menina é uma festa!

(março/2000)