Preto, o Franguinho Feio
Era uma vez um ovo de urubu que foi parar em um galinheiro e se misturou aos ovos das galinhas. Depois que os ovos chocaram, todos os pintinhos pareciam iguaizinhos, mas tinha um que era bem feio: o filhote de urubu.
E de tão feio ninguém falava com ele, ele ficava sozinho pelos cantos, se achando diferente e azarado. O urubuzinho achava que era pintinho. Quando aparecia algum gavião sobrevoando o galinheiro ele até corria para se esconder com os outros pintinhos de tanto medo.
E o tempo foi passando e o urubuzinho foi crescendo. Aí então começaram os comentários e cacarejos no galinheiro:
“Que franguinho feio, não tem nem crista!”
“E olha só o pescoço dele, nunca vi tão pelado!”
“Nossa, olha esse frango todo preto, que horror!”
E aconteceu que nosso urubuzinho ficou conhecido no galinheiro como Preto, o franguinho feio.
Preto tornou-se adulto, mas continuava isolado e tinha que aturar gozações:
“Urubu, urubu, não há ninguém mais feio do que tu!”
Foi aí que uma coisa diferente aconteceu, enquanto as galinhas, frangos e galos passavam a vida com o bico no chão Preto vivia com a cabeça nas nuvens, passava o dia olhando para o céu e de manhã bem cedinho adorava abrir as enormes asas para pegar sol.
“Pobre rapaz”, cacarejavam as galinhas, “além de feio não bate bem da cuca.”
Até que um dia Preto abriu as asas bem no alto do galinheiro e sem esperar elas foram atingidas por um forte vento. Ele perdeu um pouco o equilíbrio, tentou bater as asas para amortecer a queda como todas as galinhas fazem, fechou os olhos e esperou bater no chão, mas...nada! Preto então abriu os olhos admirado e viu que continuava no ar, e lá embaixo todas as galinhas olhavam estupefatas para ele.
Então Preto decidiu bater as asas mais forte, ele foi ganhando altura até que começou a ficar muito cansado e começou a descer de novo, ele achou que agora iria cair de verdade, porém ele ouviu uma voz que disse:
“Ei meu jovem, faça como eu e me siga!”
Preto olhou para o lado e viu outra ave igualzinha a ele inclinar um pouco para a direita. Ele obedeceu e fez o mesmo. De repente Preto sentiu um forte vento vindo de baixo e começou a subir novamente sem ao menos precisar bater as asas. Preto estava planando.
E ele foi cada vez mais alto, cada vez mais alto. E lá em cima havia vários outros como ele.
Preto nunca mais se sentiu sozinho e todas as vezes que passava pelo galinheiro ninguém mais o chamava de feio, agora ele ouvia sempre:
“Urubu, urubu, ninguém voa tão alto como tu!”