Na Matinha que ficava perto da cachoeira do Cerradão, morava dona Coelha e seu filhote Joca. Boa mãe, sempre recomendava ao filho nunca subir até a Serra Preta porque lá moravam as onças pintadas e as sem pintas.
Dona Coelha cultivava uma hortinha de couves e cenouras para o gasto da família. Porém, Joca muito curioso, era doido pra descobrir o que tinha atrás da pedrona branca que ficava no alto da serra. Ele ouviu o macaco dizer que lá havia uma horta grandona, cheia de verduras e legumes tenros, cedinho o sereno escorria deixando tudo ainda mais saboroso. Seu sonho era conhecer o tal lugar. Pensava que a horta dos outros tinha a couve mais verdinha, os tomates mais vermelhinhos, as cenouras mais laranjadinhas e a salsa mais cheirosinha.
Um dia, Joca aproveitou quando a mãe costurava e escapuliu de casa, subiu a pedrona pra ver do outro lado.
Então era verdade! Havia uma horta muito bem cuidada. Mas o que ele não sabia é que a horta era de uma onça pintada.
—Uai, onça não come verduras e legumes... — vocês devem estar pensando né?
—Claro, ela não come! A onça gostava é de carne, por isso plantava verduras. Era o jeito de atrair coelhos e outros bichos herbívoros. Quando fossem lá colher, ela então, Inhoc! Pegava os coitados.
Tadinho do joca... Quando começou a comer uma beterraba docinha foi pêgo e colocado numa saca de aniagem. A onça o levou-o para a toca a fim de alimentar a mãe velhinha que não saía mais de casa.
—Minha fia, ocê trôxe o quê pa janta?
—Truxe um cuêio bem gordinho. —disse mostrando Joca para a onça mãe.
—Hummmm, vou querê môio de cuêio cum quiabo.
—Ah, mãe... Num serve cuêio com mio verde?
—Serve não minha fia, cê isqueceu qu’ eu num tenho mais ninhum dente? Mio verde é duro.
—Ihhh é memo, intão vô tê qui buscá quiabo lá lonjão, aqui na minha horta num tem.
—Vai fia, ieu ispero, cumi uns biscoitim de porvio inda agorinha.
—Prestenção mãe, vô amarrá o pezim dele na mesa, na hora qu' eu tivé vortano pra casa cons quiabo, ieu grito pa sinhora temperá e pô o cuêio na panela. Cuidado, num vai caí na prosa dele, os cuêios é tudo bichim tinhoso.
Dona onça mãe ficou vigiando Joca enquanto a filha foi na roça.
Ele chorava baixinho e lembrava dos conselhos de sua mãe que dizia sempre para ele não mexer na horta dos outros.
De repente se ouviu voz da onça filha bem longe:
—Mãeeeeeê... Tempera o cuêio que o quiabo lai vai!
Dona onça mãe era surdinha e não entendeu nada, então Joca mais que depressa disse:
—Nossa!...Crendospai... Salve-se quem puder!
Onça mãe preocupada perguntou o que a filha havia dito lá longe que deixou joca tão assustado.
—Ah, a sinhora num vai querditá ni mim, nem dianta dizê..
—Fala uai, ieu quero sabê.
—Digo não
—Fala sô!
—Ta bão, intão ieu falo... Sua fia ta dizeno assim:
—Mãeeeeeeeeeê... Sorta o cuêio que o diabo envái!
—Nos'sinhora das onça pintada e sem pinta! O diabo envém?
—Envém sim... Vai pegá nóis tudo...
Apavorada, com medo do Coisa Ruim, mais que depressa soltou Joca que saiu correndo pra casa de sua mãe e nunca mais fuçou em horta de onças.
Quando a onça filha chegou, não podia fazer nada, o jeito foi mãe e filha jantarem cozido de quiabo com cenourinha.
Dona Coelha cultivava uma hortinha de couves e cenouras para o gasto da família. Porém, Joca muito curioso, era doido pra descobrir o que tinha atrás da pedrona branca que ficava no alto da serra. Ele ouviu o macaco dizer que lá havia uma horta grandona, cheia de verduras e legumes tenros, cedinho o sereno escorria deixando tudo ainda mais saboroso. Seu sonho era conhecer o tal lugar. Pensava que a horta dos outros tinha a couve mais verdinha, os tomates mais vermelhinhos, as cenouras mais laranjadinhas e a salsa mais cheirosinha.
Um dia, Joca aproveitou quando a mãe costurava e escapuliu de casa, subiu a pedrona pra ver do outro lado.
Então era verdade! Havia uma horta muito bem cuidada. Mas o que ele não sabia é que a horta era de uma onça pintada.
—Uai, onça não come verduras e legumes... — vocês devem estar pensando né?
—Claro, ela não come! A onça gostava é de carne, por isso plantava verduras. Era o jeito de atrair coelhos e outros bichos herbívoros. Quando fossem lá colher, ela então, Inhoc! Pegava os coitados.
Tadinho do joca... Quando começou a comer uma beterraba docinha foi pêgo e colocado numa saca de aniagem. A onça o levou-o para a toca a fim de alimentar a mãe velhinha que não saía mais de casa.
—Minha fia, ocê trôxe o quê pa janta?
—Truxe um cuêio bem gordinho. —disse mostrando Joca para a onça mãe.
—Hummmm, vou querê môio de cuêio cum quiabo.
—Ah, mãe... Num serve cuêio com mio verde?
—Serve não minha fia, cê isqueceu qu’ eu num tenho mais ninhum dente? Mio verde é duro.
—Ihhh é memo, intão vô tê qui buscá quiabo lá lonjão, aqui na minha horta num tem.
—Vai fia, ieu ispero, cumi uns biscoitim de porvio inda agorinha.
—Prestenção mãe, vô amarrá o pezim dele na mesa, na hora qu' eu tivé vortano pra casa cons quiabo, ieu grito pa sinhora temperá e pô o cuêio na panela. Cuidado, num vai caí na prosa dele, os cuêios é tudo bichim tinhoso.
Dona onça mãe ficou vigiando Joca enquanto a filha foi na roça.
Ele chorava baixinho e lembrava dos conselhos de sua mãe que dizia sempre para ele não mexer na horta dos outros.
De repente se ouviu voz da onça filha bem longe:
—Mãeeeeeê... Tempera o cuêio que o quiabo lai vai!
Dona onça mãe era surdinha e não entendeu nada, então Joca mais que depressa disse:
—Nossa!...Crendospai... Salve-se quem puder!
Onça mãe preocupada perguntou o que a filha havia dito lá longe que deixou joca tão assustado.
—Ah, a sinhora num vai querditá ni mim, nem dianta dizê..
—Fala uai, ieu quero sabê.
—Digo não
—Fala sô!
—Ta bão, intão ieu falo... Sua fia ta dizeno assim:
—Mãeeeeeeeeeê... Sorta o cuêio que o diabo envái!
—Nos'sinhora das onça pintada e sem pinta! O diabo envém?
—Envém sim... Vai pegá nóis tudo...
Apavorada, com medo do Coisa Ruim, mais que depressa soltou Joca que saiu correndo pra casa de sua mãe e nunca mais fuçou em horta de onças.
Quando a onça filha chegou, não podia fazer nada, o jeito foi mãe e filha jantarem cozido de quiabo com cenourinha.
Ofereço esse texto a uma linda mocinha chamada Sandra Pereira, filha da comadre Carmélia e Compadre Jairo, ela mora pertim da Serra da Canastra e lê todos os meus textos. Um abraço carinhoso procê Sandrinha.