O sapo e o barquinho
O sapo e o barquinho
A ideia surgiu mais tarde – pegar o barquinho de papel e descer o rio. Já não suportava mais as noites solitárias. Nas horas de insônia via-se o quanto os coaxos eram melancólicos. Mas por enquanto era impossível pegar o barquinho (Estava em cima da cômoda do quarto do menino, eu não disse logo no início? Ôps, esqueci-me!).
Quase uma semana depois fez um belo dia de sol. O barquinho caminha sobre a superfície das águas tão seguro como se caminha de quatro patas, argumentava em pensamentos o sapo. Imaginou os altos papos, isto é, as conversas sobre saltos e nados em noites de luar.
_ E como foi que o sapo pegou o barquinho?_ Perguntou um dos alunos, preso na história.
_Ora, o menino o esqueceu na beira do rio quando foi jogar bola...
_ Mas, _Recomeçou a professora com uns olhinhos negros, redondos, acolchoando as palavras na sala de aula _ eu imagino que o sapo teve um cuidado enorme para o barquinho não virar! E sei que nos primeiros metros, ele colocou uma das patas na água, como que para se equilibrar melhor. Ah, depois ele sentiu firmeza e deixou o barco no curso do rio...
_Ué! Que aconteceu então?
_ O barquinho andou por uma hora sem grandes imprevistos, porque as margens eram de plantas rasteiras e, quando ao fim desse percurso começaram a surgir galhos de árvores, o barco parou. Chegou então o sapo a um lugar mais afastado da zona urbana e onde havia riachos e lagos ligados ao rio (A professora fez uma pausa bem medida e continuou)... Foi assim que o barreiro perto lá de casa ficou cheio de sapos.
Não se sabe se a professora inventou esta história, o certo é que a mestra conseguiu a atenção de todos e, era quase perto do recreio...