A NATUREZA E OS MEUS 6 ANOS
Era uma vez, o parque e minhas pernas, o sol e a grama, a vontade e o desejo.
Num dia muito quente de verão, minha família resolveu ir ao parque, estávamos muito felizes, e fizemos um círculo para apreciar as guloseimas, os doces, salgadinhos, bolos, tortinhas de queijo, canjica, doce de leite, humm, que delícia.
Lembro-me que minhas pernas me chamavam para uma corrida, não agüentei muito tempo, fiz meu estoque de doces nos bolsos, saltei avexado e me pipoquei na gandaia. Após várias cambalhotas, percebi que perambulava em minha companhia uma formiga de fogo, outra formiga menor, uma lagartinha, e mais ao longe uns cavalos. Nunca tinha visto um cavalo antes, este parecia um cachorro imenso, daqueles bem grandes que comem muito.
O tempo passou, e fiquei matutando a cena do cavalo esmagando a formiguinha, coitada! derrepente fui surpreendido por uma borboleta colorida bem bonita posando ao meu nariz, ela fez pose, abriu as asas, e em seguida voou para uma árvore logo à frente. Foi aí que eu tive a brilhante idéia. Coloquei minha astúcia pra funcionar, medi os passos e fui lá conferir. Antes que tivesse êxito no cerco, notei que precisava de uma idéia, então me aproximei devagar, e bem lentamente dei o bote para capiturá-la, Poww, e ela me deu um drible daqueles de ficar torto. Que pena! Que pena!
Na verdade, o meu plano era fazer com que a borboleta carregasse famílias inteiras de formigas, nada muito diferente do que as pessoas faziam com os cavalos. Só que aquela borboleta não gostava da idéia da montaria, parecia muito esperta, sempre que eu chegava perto ela voava ,mais perto e ela se desembestava pra outro canto, fiquei numa correria sem fim, e aquele dia se passou, sem que tivesse alcançado meus objetivos.
Certa vez chegara o meu aniversário, e todos se reuniram novamente para uma festa com muitas brincadeiras, palhaços, e muita alegria. Na hora da mordida no bolo, apareceram elas novamente, “As formigas”. Só que estas não eram formigas comportadas, pelo contrário essas danadinhas famintas não tinham nenhum respeito, e rapidamente vieram com seu exército, e atacaram o bolo, atacaram os doces, e até os salgadinhos. Foi nessa hora que me lembrei do parque, da borboleta e do cavalo, e não deu outra, acendi todas minhas forças e senti que tinha de salvá-las.
Chegou então o dia, e fomos novamente para o parque. De posse da minha missão, resolvi antes me armar com uma rede, um baldinho, um saquinho, e meus super poderes. Super poderes! Há eu não contei, mais eu tinha super poderes. Sopro de furacão, força de um elefante e garra de leão, enfim, estava tudo preparado para ensinar as regras aos bichinhos.
Ao chegar no parque, eu sempre ficava muito serelepe, eram tantos brinquedos, escorregadeiras, pula pula, labirinto, dentre outros. Passava todo meu tempo perdido no labirinto e quando voltava cansado, já era a hora do lanche. Só que desta vez seria diferente, não deixaria de cumprir minha missão por nada.
Algum tempo depois, arquitetando meu plano de caça à borboleta, chega mamãe nervosa com meu sumiço. --- O que foi filho? Perguntou em prantos. Contei a ela todas as minhas idéias. Ela me ouviu atenta, brincou, e fitou a cabeça para o lado como se não se preocupasse com tamanho absurdo. Inconformado, propus todas as questões e soluções que pensara sobre o caso, ao perceber que eu estava convicto a realizá-lo, mamãe entrou num breve silêncio, soluçou, sorriu, e logo após sussurrou no meu ouvido, -- “A natureza é livre e muito sábia filho, só ela nos dá a graça da inteligência suficiente para nos protegermos com nossas cavernas e nossos túneis”.