O Cachorrinho Voador
O Cachorrinho Voador
Titico sempre foi um cachorrinho de rabo fino, com um corpo cinza-chumbo e uma capa vermelha nas costas.
Costumava subir nas poltronas e, atento ao menino, pulava com latidos alegres: Au-au,au-au! Ficava um som que entra como música na alma, como se tudo fosse apenas a brincadeira dele e do menino.
Suspirava-se o ar da casa e vinha um prazer de se ter um cachorrinho amigo. As meias rasgadas, os vasos de plantas mexidos era perdoados.
Mas por que ele não tirava a capa para dormir...?
Os animais da vizinhança perguntavam dos portões fechados: “Ele pensa que vai voar?” E o menino respondia que cachorro podia sim voar.
Então, espalhou-se a notícia de que o cachorrinho subia no vento, nas horas escuras da noite. Uns diziam que o viram perder-se numa sombra confusa de nuvem... Outros juravam que ele desaparecia sem explicação do quintal, da rua, da noite. E logo, logo todos passaram a acreditar. Onde apenas o menino brincava com ele, pois os dois eram figuras inseparáveis e tinham muitas histórias para contar.
E de repente, um dia no início do ano, o menino passou sozinho com os pais para a escola. O cachorrinho ficou com seu au-au de gritos frágeis no portão da casa. Ninguém entendeu o porquê daquilo. “Teria o cachorro perdido seus poderes? Viram como o cachorro ficou abandonado? Ainda seria o amigo do menino?”
Mas o cachorro continuou no portão, quieto, com os olhos na rua, aguardando o menino chegar da escola...