Uma conversa com Deus

- Deus...

- Está brava, Franzinha?

- Não... Estou triste!

- O que houve?

- A minha rosa morreu!

- Eu sei...

- Agora ela não está mais lá... Eu fui lá molhar as plantas, fui para falar com elas. Quando cheguei à minha rosa e a molhei caíram algumas pétalas. Quando fui pegá-la... Ela despedaçou em minhas mãos.

- Não chora... Ela estava tão bonita!

- Ela estava morta!

- Mas com uma cor maravilhosa...

- Todos os dias eu beijava um cadáver? – Enxugando os olhos - Não fique rindo de mim...

- Não estou rindo de você, amor. Estou sorrindo para a situação.

- E agora? Quem eu vou olhar? Com quem eu vou conversar?

- Franzinha, eu lhe dei outras rosas para que possas conversar.

- Elas não gostam de mim!

- Não diga isso.

- Elas se envergam quando eu chego.

- Você já parou para conversar com elas?

- Não...

- E porque não o faz?

- Não quero mais. Depois elas vão morrer também e vão me deixar sozinha. Porque que todo mundo tem que ir embora...

- Não fique se lamentando. Todo ser vivo tem seu tempo, e não é o tempo do relógio da terra. É o tempo do meu relógio.

- O Senhor sabe de todas as coisas.

- E sei também que as outras rosas vão gostar muito de conversar com você!

- Ela está bem?

- Sim... Ela está aqui, do meu lado. Está lhe mandando um beijo. Disse que seu carinho a fez muito bem. Que seus beijos todos os dias adiavam um pouquinho mais a sua partida, mas ela teve que vir.

- Por que ela não me disse que ia embora?

- Porque ela não queria lhe fazer sofrer... Ela também disse que as outras estão ansiosas para lhe conhecer.

- Diz a ela pra mim que vai me fazer muita falta.

- Ela sabe. Mas disse que vai te ver todos os dias...

- Brigada Paizinho, por tudo!

- Por nada, minha filha.