O CASO DA PIPA SEQUESTRADA
- Tiiiiaaaa! Silvana até se assustou com o grito do sobrinho. Foi correndo ao portão ver o que estava acontecendo.
- Jonas precisa gritar desse jeito. O que você quer?
- Tia posso i solta pipa com os meninos no campinho lá atrás?
- Quem vai? Pergunta Silvana.
- Eu, o William, Eduardo e o Fer. Deixa tia, eu num vô demora.
- Tudo bem Jonas, mas não demora as cinco sua mãe vem te buscar pra ir na missa.
- Oba, brigadu tia. Eu volto logo. E saiu todo contente com os amigos carregando a sua pipa.
Silvana entrou em casa e percebeu a tristeza de Tuca e Bile. Ela então chamou os dois:
- Venham cá, meninos. A mãe vai dar um ossinho pros dois. Ela foi até o pote pegou dois ossos caminhou até o meio do quintal. Levantava os ossos, os dois latiam muito. Brincaram assim por uns minutos até que Silvana deu um pra cada um. Fez um carinho neles e entrou em casa. Ficou atenta aos sons que vinha da rua por causa de seu sobrinho Jonas.
Finalmente Jonas volta a casa. Todo sujo, mas com ar de quem estava todo satisfeito.
- Tiaaa cheguei. Olha a pipa que eu ganhei.
- Muito linda. Disse Silvana.
- Tia a policia apareceu lá no campinho. Tinha dois meninos da rua de cima com cerol na linha.
- Nossa Jonas, e o que os policiais falaram aos meninos?
- Ah tia, eles tiraram a pipa dos meninos e levaram eles até onde eles moram. Ia fala com o pai de cada um. A senhora sabe que num pode fazer isso né!
- Sei sim querido. E ainda bem que você e seus amigos num fazem isso. Mas conta pra tia como ganhou essa pipa?
- Foi o policial que me deu tia. Ele tirou de um menino que tava com cerol e perguntou se eu queria. Peguei na hora. Os dois riram e Silvana mandou ele tomar banho, pois cheirava macaquinho molhado.
Jonas foi tomar banho.
Silvana foi arrumar alguma coisa pra ele comer enquanto sua mãe não chegava pra leva-lo. Ela estava tão entretida que nem ouviu baterem no portão.
Ouviu o latido dos cães e só depois de alguns minutos foi ver quem era.
Olhou pelo olho mágico e viu um menino.
- O que você quer?
- O Jonas tá aí?
- Tá no banho. Porque?
- Ele pegou minha pipa e quero ela de volta. Tuca e Bile não paravam de latir deixando Silvana nervosa. Ela afastou os dois do portão e resolveu abrir pra falar com o menino.
- Eu não sei de pipa nenhuma. Jonas ganhou uma do policial, é essa?
- Não! É uma que caiu aí no seu quintal agorinha.
- Aqui num caiu nada. Só tem aquela rabiola. Se quiser eu vou pegá.
- Caiu sim, eu vi quando o menino cortou ela com cerol. E vai pegá pra mim. Gritou o menino.
Tuca e Bile percebendo que o moleque ia entrar no quintal avançaram nele. Bile deu uma mordida em sua perna e o menino girou:
- Aiiiii solta seu desgraçado. E tentou tirar Bile puxando a cabeça dele. Mas o que Silvana não esperava é que Tuca também pulasse no menino, mas ela conseguiu impedir que o mordesse.
- Larga Bile, solta! Grita Silvana. Bile então larga e corre pra dentro, e Tuca também.
- Deixa eu ver. Diz Silvana.
- Vou chamar a minha mãe, a senhora deixou o portão aberto, tô com dor. Aiiiiii.
Silvana nervosa fala:
- Você começou a gritar comigo, eles só me defenderam, a culpa é sua. Num tinha que grita comigo, deu nisso. E os cachorros estão vacinados, pode ficar tranquilo e nem saiu sangue. Só ficou roxo. Assim você aprende a num vim no portão da casa dos outros dar ordem. Bem feito.
- Minha mãe vem aqui depois com a polícia.
-Pois que venha, eu num devo nada pra polícia. Se quiser posso te levar no hospital. Você quer? Vai lá falar com sua mãe. O menino vai embora e Silvana nem sabe o nome dele. Ela entra em casa e percebe que os cães estão apreensivos. Resolve ir se acalmar primeiro.
Jonas em seu banho havia ouvido tudo e ria sozinho. Ele estava com a pipa no banheiro. Quando sua tia soubesse ia ficar brava. Mas agora já estava feito. Só precisa esconder a pipa até seus pais chegarem. Ia dar um jeito de por dentro do carro sem que a tia visse. Pela voz ele sabia quem era. Se chamava Alfredo. Era um menino maior do que ele, e muitas vezes tinha cortado a pipa de Jonas com cerol. Aquela seria uma boa lição. Pensou Jonas consigo mesmo.
- Jonas! Vem aqui querido. A tia fez um lanche. Daqui a pouco sua mãe vem te buscar.
- Tô indo. Falou Jonas do quarto, enquanto colocava roupa.
Apareceu na cozinha e Silvana foi contando o que havia acontecido. Jonas ria deixando Silvana brava.
- Onde está a graça Jonas?
- Ah tia, num fica brava, mas foi bem feito pró Alfredo, assim ele aprende a num corta mais a pipa dos outros.
- Tudo bem Jonas, mas num achei graça nenhuma o Bile morder o tal Alfredo.
- Ele nem vai vir aqui tia, fica sossegada. E o Bile tá vacinado e tudo. Escutei a senhora fala. Então esquece isso.
- É fácil falar Jonas, num foi você que passou por isso.
Mais tarde, mais calma Silvana foi ter com os cães. Deu uma baita bronca no Bile e na Tuca também. Disse aos dois que estavam de castigo. Parecia que eles entendiam tudo que Silvana falava. Ficaram com ar todo triste. Mas Silvana não se deixou levar por aquelas carinhas que ela adorava. Virou as costas entrou em casa. Os dois não deram mais nem um latido. Até a chegada de Marisa.
- Jonas! Cheguei filho. Onde você está? Vamos logo que tô com pressa. Ainda tenho que pegar sua irmã na igreja. Vamos logo. Foi gritando lá de fora deixando Silvana irritada. Foi até o portão e disse a ela:
- Aqui num é casa da mãe Joana, por favor Marisa num dá pra entrar sem grita?
- Desculpa Silvana, mas tô com pressa.
- Num tive sossego hoje. E você ainda vem gritar da rua?! Fala sério.
Silvana entra em casa muito aborrecida e chama Jonas.
- Sua mãe tá lá fora. Diz que aqui num é creche, e que se quiser deixar você aqui de novo vai ter que ser mais educada. Desculpa a tia querido, mas ainda tô nervosa.
- Tudo bem tia, mas olha num conta pra minha mãe o que aconteceu, que se não ela num deixa mais eu vim aqui. Silvana percebe a tristeza nos olhos do sobrinho e o abraça com carinho. Dá um beijo bem gostoso em seu rosto deixando o menino todo feliz.
Mas o que Silvana ainda não tem ideia é que Jonas está com a pipa. Ele nem sabe ainda como vai fazer pra levar a pipa até o carro. Fica todo pensativo. Vai ter com a mãe lá fora. Ela então resolve entrar e pedir desculpa pra Silvana.
- Desculpa minha irmã. Eu num faço mais isso. Diz Marisa abraçando a irmã.
Jonas aproveitando que a mãe está dentro de casa vai correndo pegar a pipa que estava de baixo da cama e põe pra fora pela janela. Corre até o corredor pega a pipa e vai até o carro. Mas o que Jonas não esperava era que sua tia aparecesse na janela da sala e o visse com a pipa nas mãos. Mas ela não diz nada naquela hora.
Quando finalmente Marisa resolve ir embora Silvana vai com ela até o carro. Chegando lá Jonas já está dentro do automóvel. Silvana diz a irmã:
- Espero que tudo corra bem minha irmã. Se precisar de alguma coisa estou aqui.
- Obrigada Silvana, mas agora é comigo.
Silvana joga um beijo pró sobrinho e entra. Os cães já estão latindo de novo. Silvana brinca com eles no quintal com a bolinha, jogando pra lá e pra cá, rindo consigo mesma, imaginando a cara do sobrinho quando voltasse em sua casa novamente.
Marisa foi em direção oposta da rua da tia deixando Jonas apreensivo. Perguntou a mãe:
- Onde vamos mãe?
Ela não respondeu limitando-se a dirigir sem nem mesmo olhar pra ele. Parou logo mais a frente e disse ao filho:
- Agora Jonas você vai ali naquele portão chama o Alfredo e devolve a pipa dele.
- Eu num vô devolve nada. Ele sempre róba a minha pipa.
- Eu num quero nem sabe Jonas, vai devolver sim, se não quiser apanha do seu pai quando chegar em casa. Vamos logo antes que eu perca a paciência com você.
Jonas desce do carro e chama Alfredo que logo sai no portão.
- Olha aqui a sua pipa Alfredo, eu achei ela no fundo do quintal da minha tia e vim devolver.
- Obrigado Jonas, mas pode ficá com ela, eu já cortei tanta pipa sua que essa fica de presente. Jonas fica todo feliz e chama a mãe que concorda com a atitude dos dois. Pede pra ver a perna do menino e percebe que nem ficou quase nada de marca da mordida de Bile. E diz pra Alfredo:
- Se quiser eu levo você no hospital Alfredo. Só chama a sua mãe, e aqui tem a caderneta de vacina do Bile.
- Num precisa dona Marisa, minha mãe deu uma bronca em mim por causa do que eu fiz, tô bem. Fica sossegada.
- Tá certo Alfredo, mas se precisar de alguma coisa aqui tem meu telefone.
- Agora vamos embora Jonas, tô atrasada pra pegá sua irmã.
Jonas entra no carro e acena pró amigo que devolve o gesto. Marisa então sorri pra si mesma. Com certeza hoje Jonas aprendeu uma lição. Nunca se pega algo que não é nosso. E cerol é perigoso, pode ferir as pessoas fatalmente.
Silvya Regyn@
22/04/2011
15:41