O SOCORRO DE PTOLOMEU E JULINHA
Era uma linda passarinha, Julinha era toda ativa e muito linda, suas penas de um tom de amarelo ouro, que quem passava e a via em sua gaiola cor-de-rosa não deixava de parar e admira-la.
Havia sido encontrada por sua dona Manuela em uma praça. Alguns meninos malvados atiraram com um estelingue e mataram sua mãezinha deixando Julinha só no mundo.
Por conta da maldade dos meninos nunca soube o que era voar livremente, pois na queda uma de suas asas havia - se partido, e por mais que Manuela quisesse vê-la livre isso nunca seria possível. Dava pequenos voos dentro de sua gaiola. Morava também com um cão, chamado Ptolomeu. Julinha cheia de vida cantava alegremente todas as manhãs para acordar Manuela. Tinha grandes planos nesse dia tão ensolarado que raiava as seis da matina.
Queria mostrar que aprendera um novo canto a Manuela, estivera no dia anterior a ouvir um canto muito lindo, mas triste de outra gaiola vizinha. Nem imaginava o porquê de seu amigo estar tão desolado na sua pequena casinha.
Ptolomeu já andava para cima e para baixo na porta querendo sair e dar uma volta na rua.
Nada de Manuela levantar. Caminhou até a porta do quarto e latiu: au…au…au…e esfregou as patinhas na porta para sua dona levantar. Roc, roc, roc…
- O que foi Ptolomeu? Acordou com as galinhas hoje menino?
- au ….Au…au…ele quer ir a rua.
- Está bem menino, vamos lá que vou abrir a porta para você.
Manuela então foi até a cozinha colocou leite em um pires e Ptolomeu o bebeu todinho, depois lhe deu um ossinho que havia comprado no dia anterior e, ele saiu todo contente ao quintal. Mas logo estava de volta latindo novamente nas orelhas de Manuela.
- O que foi agora rapaz? Ah sim você quer dar uma volta na rua? Vamos lá então, vamos ver isso. E Manuela pegou sua trela e lá se foram os dois deixando Julinha ali sozinha com seu canto triste de dar pena, ainda mais que estava um dia tão lindo.
Manuela e Ptolomeu caminharam e brincaram um certo tempo, até que de repente ouviu-se um grande uivo na rua. Manuela ficou arrepiada e seu cachorro também uivou, deixando sua dona preocupada.
Foram para casa rapidamente e Manuela então percebeu a tristeza de julinha, trocou sua água, colocou-lhe nova comida e até trocou-lhe de lugar a ver se cantava mais feliz.
Mas nada disso aconteceu. Isso estava ficando estranho.
O que estaria acontecendo naquele dia tão lindo que deixava os animais inquietos? Pensou e pensou, até que veio em sua mente uma coisa que lembrou. Os animais sempre sentem se algo acontece a seus donos.
Havia três dias que não via sua vizinha dona Amélia, será que havia acontecido algo com ela?
Lembrou então de lhe telefonar. Nada, ninguém atendia. Resolveu então ir até lá e verificar se estava tudo bem com ela. Bateu na porta:
toc, toc, toc – Está aí dona Amélia? Sou eu sua vizinha Manuela, a senhora está bem?
Nada, tudo silêncio então Manuela olha pela janela e o que vê a deixa assustada.
Dona Amélia caída no chão da cozinha, e seu cachorro todo triste deitado ao seu lado. A quanto tempo será que ela estaria ali caída no chão?
Sem demora Manuela grita para outra vizinha a dona Maria José.
- Dona Maria, socorro, acode aqui que a dona Amélia está caída no chão da cozinha.
- Minha Nossa Senhora Manuela o que aconteceu?
- Não sei dona Maria, mas por favor telefona para os bombeiros urgente.
- Filha telefono enquanto você entra ali a ver o que aconteceu com ela.
Manuela então tenta forçar a porta, mas não consegue abrir. O cachorro de dona Amélia começa então a latir deixando Manuela mais nervosa ainda.
Então como se fosse do nada aparece Ptolomeu dentro da cozinha de dona Amélia.
Ela percebe que ele entrou pela portinha do cachorro que há na cozinha. Manuela como é bem magrinha se esforça para conseguir entrar por ali, até que finalmente consegue.
Aproxima-se de dona Amélia e toma seu pulso. Ainda bem, ela está viva, mas muito fraca, e com um ferimento na cabeça. Manuela então pega um travesseiro e coloca embaixo dela e também um cobertor que achou no sofá da sala.
Enquanto aguarda percebe a tristeza de Ptolomeu e de Vasco o cachorro de dona Amélia.
Chega finalmente os bombeiros com paramédicos que logo colocam dona Amélia em uma padiola e a levam para a ambulância.
Manuela então pergunta ao médico:
- Como ela está doutor?
- Ela vai ficar bem, foi um tombo feio, mas ela se recupera. Mas me diga menina como foi que descobriu?
- Ah doutor, os cachorros começaram a uivar, e meu passarinho desde muito cedo cantava todo triste. Achei que havia algo errado.
- Os animais percebem quando acontece algo com seus donos, e ainda bem que eles se comunicam entre si, assim podem tentar ajudar a pessoa que cuida deles.
- Tem toda razão doutor, eu lembrei-me disso e por isso me dei conta que havia três dias que não via a dona Amélia.
- Olha, ela vai ficar bem, mas precisa avisar alguém da família para ir no hospital cuidar dela.
-Vou fazer isso doutor agora mesmo.
O médico sai com a ambulância e Manuela fica olhando até virar a esquina.
Então entra em casa e liga para a filha de dona Amélia.
Depois caminha até Julinha, abre a janela e lhe faz um carinho em agradecimento.
Pega Ptolomeu em seu colo e o abraça bem forte em sinal de carinho pelo que ele fez. Uma pequena lágrima cai de seus olhos. Agora tudo está bem.
Nunca mais Manuela se esqueceu desse dia. Por isso todo dia quando levanta vai até Julinha e lhe faz um carinho. Depois dá um abraço bem forte em Ptolomeu.
E juntos divertem-se todos os dias ouvindo as histórias de dona Amélia, que recuperada fica muito grata a Manuela e seus bichinhos.
Silvya Regyn@
25/03/2011