O CANÁRIO BEIJA-FLOR
O CANÁRIO BEIJA-FLOR
Anabela (menina cinderela) estava esperando com seus olhinhos de esmeralda a entrega daquele tão desejado presente de aniversário. O pacote era muito grande, de forma irregular, e foi trazido pelas mãos do vovô que lhe falou:
Piando começo o dia,
Cantando me abrem as flores,
Sou amarelinho,
Na gaiola sou canarinho,
E me chamo Beija-Flor.
Beija-flor passou a ser um pássaro muito querido e amado por Anabela. Todos os dias antes de ir-se ao colégio, a menina limpava sua gaiola, oferecia-lhe alpiste e seus alimentos preferidos: o almeirão e o jiló. Anabela (cores da aquarela) preparava o bebedouro colocando-lhe água fresca de jarro de barro e acrescentando as gotinhas de suas vitaminas. Mas quando a mamãe não estava muito atenta, a menina travessa roubava uma pitada de açúcar e o depositava na água também. Ela pensava que a doçura era o que lhe fazia cantar mais feliz:
Água doce que te adoça o biquinho,
Agora cante meu canarinho!
Certo dia, Beija-Flor não pôde apoiar-se no poleiro da gaiola e o levaram à veterinária. Seus pezinhos tinham sido mordidos por um inseto e não havia nada que pudesse ser feito. A partir daquele dia, passaram a dar-lhe seus remédios e a realizar os curativos em suas finas perninhas. Beija-Flor, com seus pezinhos machucados, já não precisava ficar na gaiola, pois não podia voar. Desde então passou a dormitar no pescoço de Anabela, emaranhado em seus cabelos, enquanto a menina realizava suas tarefas escolares e assistia a seus programas favoritos. Levou-o a morar numa caixinha de sapatos em sua habitação. Dormiam e despertavam juntos todos os dias.
Certa vez, os pais de Anabela (cinta amarela) decidiram que já era o momento de prepará-la para separar-se do canário Beija-Flor. A veterinária havia dito que o canarinho não estava bem e que suas patinhas lhe provocam grande sofrimento. Sentaram-se com a essa amada filha e lhe explicaram sobre o ciclo natural de vida dos animais:
Teu canário, canarinho,
Amigo feito passarinho,
É ser vivo que nasceu do ovo,
Ovo que cresceu e criou asas,
Asas que te fizeram voar nesse céu de tua infância,
Cantando-lhe em cada amanhecer.
Porque é vivo também padece,
Porque é vivo também adoece.
É tempo de deixá-lo partir. Beija-Flor necessita descansar.
Separar-se de Beija-Flor provocou-lhe grande dor, mas Anabela (gotas de chuva na janela),compreendeu que nossos animais de estimação devem descansar em seu sono profundo quando não se sentem felizes e estão sofrendo. Entregou-o à veterinária em sua caixinha de sapatos, fez-lhe um carinho e lhe falou bem baixinho:
Voe alto passarinho,
Voe alto canarinho,
Bata as asas até o céu.
Minha vovó te espera com água fresca
Com gotinhas de mel.
Os pais de Anabela (linda primavera) a esperavam com uma grande surpresa ao chegar a casa. Quando entrou ao seu quarto, encontrou-se com um pequeno aquário. Olhou por cima, olhou pelos lados, mas lá não havia peixinhos. A mamãe lhe falou:
Sou da terra, sou da água,
Ando e nado sem parar.
Minha casa é muito forte,
Mas você eu deixo entrar.
Eu me chamo Perereca e eu vim para ficar.
Anabela (cheiro de canela) com seus dois olhinhos brilhantes, estava cheia de curiosidade por conhecer melhor aquela tartaruga aquática. Sentia-se muito feliz pelo seu novo bichinho de estimação. Quando sua mãe saiu do quarto, lá foi ela, menina sapeca, a buscar um punhado de açúcar. Em água docinha seu novo amigo Perereca nadaria mais feliz.
NOTA: A morte dos animais de estimação é sempre um momento muito delicado para tratá-lo com as crianças pequenas. Os contos infantis que abordam esses temas são um instrumento pedagógico que podem ajudar nesse processo para que possam compreender, dentro de um universo um pouco mais ameno,como se dá o ciclo natural da vida.