O MENINO QUE SORRIA COM OS OLHOS

Era então um menino. Garoto de cavalaria.
Menininho do interior e de interiores...
Não sabia o dom que possuía. Ou será que sabia?... E escondia?
Vivia alegre, serelepe, como todo moleque feliz.
Tinha quatro anos. Sua especialidade: sorrir. Se você pensa que era um sorriso qualquer, engana-se era sorriso regado a cafuné.
Era belo vê-lo sorrir. Sorria luz e bem-querer, coisa linda de se ver! Era como a firmeza dos abrolhos, pois este menino sorria com os olhos!
Era sorriso-olhar de pura magia e, seu momento mais iluminado, era quando fazia estripulias. Nessas ocasiões, vinha correndo aos braços da mãe que, enfeitiçada pelo poder de seu sorriso, o olhava com devoção e pensava: “Essa é minha mais perfeita criação!”

     Nos abraços da mãe o menino dizia sorrateiro:
     _ Mamãe, MUMUTI aprontou de novo!
A mãe ficava perdida diante da graça de seus grandes e negros olhos a sorrir não sabendo o que dizer. O movimento das pálpebras, o balançar lento daquela cortina de cílios enevoava a repreensão da mãe-súdita.

     Era isso! O menino-rei diante da mãe-súdita!
A mãe então, escamoteava o sorriso de encantamento sob a força das feições repreensivas e dizia:

     -Essa não! Você não aprendeu a lição!
Não! Não mesmo. O menino-rei não queria aprender a lição. Ele gostava de ver sua mãe sorrindo às escondidas diante de sua confissão, de sua aprontação.
Com o tempo, a mãe percebeu que o menino conhecia o poder que exercia sobre ela. Ele conhecia, por isso, sorria. Mas, ela não se importava. Gostava daquele jogo.
E o tempo no seu compasso, corria lento e veloz e o menino crescia na mesma sintonia. Ele está crescendo agora e seus olhos continuam a sorrir diante de outras descobertas.
E a mãe já sente saudades do menino de outrora, de “outra-hora”.
-Ah! Se você tivesse visto aquele sorriso! Saberia, por certo o que sentia a mãe embevecida de encantos. Era bem assim ó: Sorriso de canto de olhar. Sorriso banhado de luar. Sorriso de encantar!
Que saudades do menino-rei! Ele fazia o que nenhum outro sabia.
E isso bastava de alegria.
                                       Estes olhos são do meu filho!
Suerdes Viana
Enviado por Suerdes Viana em 19/03/2011
Reeditado em 22/01/2013
Código do texto: T2858863
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