CRI, CRI, CRI...

(Continuação de Arapuá)

No meio da noite, Francisca acordou com um som estranho dentro do quarto.

Algum monstro estava fazendo cri, cri, cri... Cri, cri, cri.

O resto da casa estava escuro e todos dormiam.

Na outra cama, Clarinha dormia com o dedo na boca.

A luz mortiça do repelente de insetos, não dava para identificar quem era a outra pessoa dormindo no quarto.

Será que era a avó ou tia Teca, mãe do Jorginho?

Tia Leda, mãe de Clarinha, não devia ser porque ela, com certeza, estava dormindo na mesma cama com o tio Sérgio, como seus pais dormiam.

Outra vez, cri, cri, cri... Cri, cri, cri...

Francisca arregalou os olhos.

E se o monstro estivesse embaixo da cama dela?

Imediatamente cobriu a cabeça com o lençol.

Assim protegida, pela couraça inviolável, o monstro não poderia pegá-la.

Cri, cri, cri, outra vez.

Através do lençol, Francisca viu o monstro passar voando por cima da cama.

Não conseguiu mais resistir e gritou com toda força:

- Mamãe!

Nem esperou pela resposta, gritou com mais força e mais alto.

A luz do quarto foi acesa e a voz macia da avó perguntou:

- O que foi minha filha?

Sem tirar o lençol e ainda mais encolhida, Francisca respondeu:

- É o monstro do cri, cri que quer me pegar...

- Isso não é monstro não, minha filha.

Disse a avó abraçando o corpo trêmulo da neta.

- Isso é um grilo cantando porque amanhã vai chover.

Venha beber um pouco d’água. Amanhã eu mostro um grilo a você...

Na outra cama, profundamente adormecida, Clarinha virou para o outro lado e continuou chupando o polegar da mão esquerda.

(Continua em Príncipe Encantado)