A princesa e a raposa

(para JH)

Havia um bosque escondido entre colinas e junto de um riacho onde os caçadores do reino realizavam a caça anual à raposa.

Um dia a princesa acompanhou seu pai à caça. Embora não gostasse de caçadas isto fazia parte da rotina real.

Enquanto alguns caçadores preparavam as armadilhas e outros cuidavam dos cães, a princesa se afastou da comitiva caminhando em direção ao riacho. Ao chegar à margem, descalçou os sapatos e entrou na água, mas escorregou nas pedras e caiu torcendo o pé. Gritou por socorro, porém não foi ouvida pela comitiva e assim decidiu esperar ser encontrada quando a caçada tivesse início.

Minutos depois ela percebeu uma raposa se aproximando provavelmente para beber água e quando a raposa a viu veio mansamente em sua direção. A princesa não teve medo e sorriu.

A raposa acomodou-se ao lado da princesa que sofria muito com as dores. A princesa contou que estava acompanhando a comitiva real à caça e seria bom ela ir embora para não ser alvo fácil dos caçadores. Todavia a raposa decidiu salvar a princesa. Para isto ela foi ao encontro dos caçadores que ao vê-la soltaram os cães. A raposa fugiu em direção ao riacho perseguida pelos cães e pela comitiva e assim a princesa foi encontrada. A princesa pediu ao rei, seu pai, que não matasse a raposa por entender que ela havia atraído os caçadores para resgatá-la. A raposa desapareceu no bosque.

As armadilhas foram destruídas e a partir daquela data a caça à raposa foi proibida no reino.

Um belo dia, a princesa estava passeando pelo jardim real quando o novo jardineiro lhe ofereceu um buquê de margaridas. Ela reparou nos olhos do jardineiro que lhe pareceram iguais aos olhos da raposa que a salvara. O rapaz contou que fora transformado em raposa por encantamento de uma bruxa má e que a bondade da princesa o livrara do encantamento; ele decidiu ser um jardineiro para se aproximar dela e agradecer. Na verdade ele era um príncipe.

Quando a princesa completou os dezoito anos eles se casaram.

O rei-jardineiro aboliu a monarquia; os súditos elegeram um presidente e um parlamento; o casal foi cuidar de uma horta e assim foram felizes para sempre.

FIM