O indiozinho que queria matar uma onça
Pena negra,
Era um pequeno indiozinho,
Cheio de confiança,
De olhos rasgados, pele morena,
Era só uma criança.
Caçava sozinho pela mata,
Arco e flecha nas costas,
Montava armadilhas,
Seguia pistas,
Sonhava em um dia,
Matar uma onça.
Certa vez,
Viu o animal,
Jogou sua lança,
A onça correu ferida adentro do matagal.
Ele a seguiu,
Embrenhou-se na mata,
Flecha na mão,
Pronto pra caçada.
A onça cambaleava,
Sangrava e gemia,
Ele baixou seu arco,
E continuou a segui-la.
Ela mal andava,
Ia parando e bufando,
Até que chegou à beira de uma gruta,
E caiu urrando.
Pena negra se entristeceu,
Ele só queria brincar,
Assim ele entendeu,
O enorme erro que cometeu.
E se pôs a pensar.
De dentro da gruta,
Saíram dois pequenos filhotes,
Que miavam tristes, chorando,
Ao lado da mãe que já não se move.
O pequeno indiozinho,
Correu pela mata,
Chorando, sem arco, flecha, ou lança,
Largou tudo jogado,
E se entregou a sua verdadeira criança.
Chegou à aldeia,
Abraçou sua mãe,
Contou-lhe o ocorrido,
E mostrou-se arrependido.
A mãe procurou o pajé,
Que dançou uma dança sagrada,
E ao menino indiozinho,
Disse que voltasse à mata.
Ele voltou sem armas,
Sem entender o conselho,
E na gruta onde a onça caiu,
O menino caiu de joelhos.
O espírito da floresta ali apareceu,
E disse ao pequeno índio,
Você menino recebeu uma lição,
E deste animal será o protetor,
Preste bem atenção,
E semeie sempre o amor,
A onça não morrerá e,
Você será seu salvador.
A onça estava viva,
Respiração forte,
Aquele animal,
Escapara da morte.
Ela ainda precisava de ajuda,
Pena negra pegou sua lança,
E foi buscar comida,
E planta que cura,
Pra cuidar da onça.
Cuidou também dos filhotes,
E um amor nasceu,
Dizem que o menino índio,
Passou a falar com onça,
E por muito tempo viveu.
Alguns até contam,
Que virou espírito da floresta,
E quando se caça uma onça,
Pena negra se manifesta,
Em forma de criança,
Segurando arco e flecha,
E a sua poderosa lança!