Atolados na lama

Era mês de julho. O dia estava nublado. O Josias e o Marcos, dois irmãos, foram com a mãe até o mercado municipal onde todo o dia realiza-se uma feira livre. Foram pela Rua João Cabral e depois alcançaram a Avenida Maranhão por onde seguiram até o mercado velho, como era conhecida a feira. A avenida maranhão margeia o rio Parnaíba, rio que divide o Piauí do Maranhão é o segundo maior rio do nordeste brasileiro. Há uma ponte metálica ligando a cidade de Teresina à cidade de Timon, por onde antigamente passava o trem da rede ferroviária federal. Quando passaram a ponte olharam a margem do rio e viram uma areia, bonita e fina. Pensaram e combinaram que quando retornassem do mercado, onde a mãe os deixaria e seguiria para o trabalho, daí eles teriam que retornar sozinhos para casa, voltariam pela beira do rio, era até mais perto para casa... A mãe, ouvindo a combinação já foi logo interferindo e com autoridade desautorizando o Josias e o Marcos a voltarem pela beira do rio. O motivo era obvio. Havia chovido muito e o rio tinha enchido um pouco e depois já um pouco mais seco tinha deixado uma camada fina de areia na margem, mas só por cima, embaixo era pura lama.

Os dois meninos tinham ganhado um par de tênis, do tipo conga, quem não se lembra da bonita conga? Eram azuis, lindas! Inclusive estavam estreando as mesmas.

Mas, ao retornarem das compras e voltarem para casa seguiram o plano combinado e foram pela beira do rio. No inicio, algumas pedras, tudo bem! Mas não demorou muito e as coisas começaram a ficar muito dificies. A lama era terrível! E os dois foram atolando até a canela e não demorou, até o joelho. As compras na cesta caíram na lama. Numa passada o Josias perdeu a conga e já começou a chorar e se desesperar. O Marcos estava consciente de sua responsabilidade, já que era o mais velho, foi logo tratando de enfiar a mão e braço e tudo dentro dos buracos das pisadas para encontrar a conga do Josias, menos mal que achou!

Não conseguiram andar muito, até que avistados por um rapaz que estava à cima deles, numa barreira que perguntando o que eles faziam ali naquela situação, deu a mão e ajudou-os a subir e sair daquela angústia e pesadelo.

Assim foram para casa, mas, sabendo que certamente a mãe descobriria e o castigo viria. Eles até que tentaram limpar as congas novas, lavaram e esfregaram muito, com sabão e escova, mas ficaram encardidas do barro vermelho da beira do rio. Lavaram a carne da cesta, as verduras e tudo mais, mas os vestígios ficaram e não foi difícil a mãe perceber que eles haviam desobedecido a sua ordem e voltado para casa pela beira do rio. Os dois levaram um bom corretivo e ficaram de castigo, sem sair para brincar com os amigos por um bom tempo. E a lição ficou: a desobediência não leva a lugar algum, desobediência em qualquer de seus aspectos ou nível, pelo contrário, faz o desobediente atolar na lama cada vez mais. Isso sem contar as perdas, além de moral, material. No caso dos Josias e do Marcos, as lindas congas que tinham ganhado de presente, novinhas, há pouco tempo!