Nicolas e Elizabeth - Pulgas
Memórias de Nico:
“Foi num daqueles poucos dias em que fui brincar com Liza antes do meu tempo de escola. Tinha uns seis anos, e minha mãe me incentivava a ir brincar na casa do Seu Chico e Dona Nena, avós de Liza, e de vez em quando eu ia. Era nosso único vizinho, e Liza era a única criança nas proximidades. Tinha perdido os pais aos dois anos e morava com os avós. Era pouco mais nova do que eu, mas muito espertinha.
Eu e ela estávamos explorando a fazenda e entramos em um cômodo vazio, abandonado. Sentimos cócegas nas pernas, e vimos milhares de pulgas subindo. Saímos dali correndo e gritando por Dona Nena.
- Que houve, crianças? – Dona Nena estava no quintal, estendendo roupas.
- Pulgas, vó. Um monte delas. Estamos cheios delas, e está dando coceira.
Dona Nena pegou água do tanque com um balde e ficou derramando na gente até encharcar completamente nossas roupas. Foi bom, porque a coceira parou.
- Agora tirem as roupas e deixem aqui, e vão para o banheiro tomar um bom banho. Esfreguem bastante sabão no corpo para matar todas as pulgas. Vou lavar as roupas enquanto isso. Não precisa ter vergonha um do outro.
Fomos correndo para o banheiro. O chuveiro era frio, mas para aquele lugar, normalmente acalorado, isto era muito refrescante. Depois do banho, Dona Nena nos secou e entregou uma pomada para passarmos nas picadas. A pele branca do corpo de Liza estava cheia de pontinhos vermelhos.
- E agora, Dona Nena, como vou embora? Minhas roupas estão molhadas.
- Não se preocupe, Nico. Daqui a pouco estarão secas. O sol hoje está bom, não demora muito.
Demoramos bastante passando pomada nas mordidas, uma a uma. Liza estava de costas, e eu continuava a passar pomada nas picadas. Então ela ficou muito quieta, achei que estava ficando triste, e então peguei um travesseiro e fiquei dando travesseiradas nela. Ela riu um bocado, e perguntou por que eu estava fazendo aquilo.
- Estou matando pulgas.
Ela pegou outro travesseiro e ficamos trocando travesseiradas por um bom tempo. Essa foi a primeira vez que brincamos juntos assim, sem roupas, e não sentimos nenhuma vergonha.
Depois que cansamos da brincadeira, dormimos juntos na cama. Dona Nena veio nos acordar com as roupas secas, nos encontrando deitados encolhidos e juntinhos. Ainda me lembro da pele branquinha dela, cheia de pontinhos vermelhos. ”