O sapo de fogo

O Sapo de Fogo

por Giomar Rodrigues

Era uma vez em um reino muito distante, um rei pássaro que comandava um gigantesco reino com milhares de habitantes, mas esse magnífico reino vinha sendo assolado à dias pela presença de Legaaf, “o Sapo de Fogo”. Legaaf era uma aberração da natureza, havia nascido da relação de um sapo com uma salamandra que deu a luz a uma enorme criatura com uma língua de fogo capaz de destruir tudo que tocasse. Assim foi abandonado por ambos os pais e criou-se na solidão dos lamacentos rios da região de Darkwater`s Land, um poço abissal habitado apenas pela escória da sociedade, e o mais asqueroso ser daquela região era Legaaf.

Sua fúria era lendária e seu rastro de destruição era pior que qualquer vulcão que viesse a entrar em erupção, todos que tentaram retardá-lo foram mortos facilmente, dessa forma era temido em qualquer lugar por onde passasse. E agora estava devastando o reino do rei dos pássaros, este que em meio a toda a chacina e destruição de suas plantações não teve outra escolha além de contratar com as riquezas que lhe restavam um guerreiro mercenário das terras geladas do norte como última opção para o problema imediato.

Minutos depois da ordem ser dada pelo rei um pequeno pássaro, o mais veloz do reino foi enviado para Frozenfield a terra mais gelada do globo terrestre habitada apenas por guerreiros que desde o nascimento eram amamentados pelos seios da guerra com uma espada em punho.

Chegando em Frozenfield o pássaro notou que todos os bárbaros habitantes do reino tinham um medo enorme de um guerreiro berserker que vivia exilado no deserto consumido pela neve e quase inabitado, esse seria com certeza o guerreiro que ele procurava. Mas o que o pássaro não sabia era que o berserker era um guerreiro melancólico que devido a seu isolamento praticamente não possuía a capacidade de se comunicar, usava apenas de grunhidos quando precisava e quando ficava bravo urrava tão alto que provocava avalanches em toda a região, seu nome era Jorge.

Quando o pássaro chegou na desolada morada do bárbaro, quem atendeu a porta foi uma linda donzela que disse ser esposa dele. Logo em seguida quando ela o levou até a câmara principal de seu castelo de pedra, notou que Jorge, o bárbaro era tratado como um rei em seu trono por outras onze lindas mulheres seminuas que lhe serviam uma saborosa carne de javali enquanto outras tocavam harpas e outras dançavam para seu divertimento. Mas Jorge tinha a face afogada em tristeza que se não fosse pela presença das mulheres de seu harém seria ainda pior. Ele vestia uma enorme roupa feita da pele de muitos lobos e um enorme machado estava apoiado ao lado do trono.

Quando viu o pássaro ficou em pé e era todo ouvidos, então a ave disse enquanto estava apoiado nos umbrais da donzela:

Venho do reino de Byrdds para contratá-lo, todos desejam que você enfrente Legaaf, o sapo de fogo e assim traga a paz novamente ao nosso reino. - disse a pequena ave fatigada pela viagem.- Podemos pagar muito bem seu trabalho se assim aceitar a proposta! - continuou o pássaro.

Ele aceitará o trabalho sem pestanejar pois ele nunca falha. - garantiu uma outra mulher com uma harpa prateada nas mãos com incontáveis gemas nela incrustadas.

E com um grunhido selvagem Jorge assentiu com o movimento da cabeça fazendo seus longos cabelos negros desprenderem-se de seus ombros, aceitando a tarefa. Ao anoitecer o bárbaro seguiu viagem até o reino dos pássaros e quando lá chegou acertou o pagamento com o rei recebendo metade do valor do trabalho e depois receberia o restante se completasse a missão. Também exigiu ao rei que mandasse seus artesãos fazerem um grande balão cheio de água para usar como arma, todos estranharam mas atenderam as exigências. E logo após um grandioso almoço digno de um rei, Jorge partiu para os campos de alpiste onde Legaaf havia sido recentemente visto. E quando lá o encontrou viu que o sapo destruía uma fazenda inteira, aquilo deixou o bárbaro completamente ensandecido que o fez urrar como nenhum animal conseguiria, o que fez Legaaf tremer de medo .

Mas o sapo tomou coragem e tentou dar uma lambida flamejante em Jorge, que se protegeu com um grande escudo de metal. Legaaf percebeu que somente os pés do bárbaro ficavam desprotegidos pelo escudo e então atacou de forma agressiva, mas Jorge esperava por isso e o movimento rápido de seus pés evitou o ataque e instintivamente cravou uma pequena adaga na flamejante língua de Legaaf deixando-o totalmente vulnerável, em seguida enfiou goela abaixo o balão de água feito pelos artesãos, causando a extinção de suas chamas e uma enorme nuvem de fumaça lhe causando um terrível sufocamento. Entretanto sua morte só veio depois que guerreiro bárbaro desferiu um potente soco na cabeça do sapo causando-lhe morte imediata e fazendo com que os olhos pulassem para longe para em seguida serem transformadas pelo sol em dois grandiosos e reluzentes diamantes.

Naquela noite houve uma grande celebração para comemorar a destruição do tão temível monstro, mas Jorge não quis ficar e partiu para sua terra natal com seu tesouro e dois lindos corvos empoleirados em seus umbrais. Quando chegou em seu harém ofereceu os diamantes para as mulheres, que começaram a brigar para ter ao menos uma lasca deles, exceto uma que preferiu cuidar de seus ferimentos, dizendo pouco se importar com riquezas dele. Assim Jorge, o bárbaro se casou com ela pois sabia que ela realmente o amava. E com muita paciência ela lhe ensinou a linguagem dos homens e ele pôde dizer a ela: “Amo você!” e viveram felizes o resto de suas vidas nas planícies solitárias do norte.

FIM

Giomar Rodrigues
Enviado por Giomar Rodrigues em 26/09/2010
Reeditado em 28/09/2010
Código do texto: T2521462
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