A casa da mamãe Joana.

-Mirna!,desça já aqui!.

Estou indo mamãe!

Passaram-se duas horas e vinte minutos e nada de Mirna ir de encontro a sua mãe,que lavava a louça da noite passada na cozinha apertada e humilde de sua casa.A mãe dela nada amigável,em seu tom de intolerância;com muita rispidez chama novamente:

-Mirna,se a senhorita não descer agora,vou pega-la á força!.

-Espera só mais um pouco!.

A mãe da meninota mau criada perdeu a paciência e foi cautelosamente sem arranhar as chinelas nas escadas,para ver se conseguia pegar Mirna fazendo alguma coisa que certamente não seria de bom agrado para Dona Joana,a mesma.Mãe da Mirna.Dona Joana assim chamada,era uma mãe rígida e de poucas demonstrações de bom humor.Ela tratava sua filha única de maneira muito metódica,não suportava nada fora do lugar e nem que Mirna,a menina desengonçada de pernas finíssimas;com espinhas estufantes,amareladas e nojentas xeretasse seu quarto que viva sempre trancado.A chave,Dona Joana carregava sempre em sua bolsa de mão,quando saia para o trabalho humilde e cansativo.Essa vida era o que mais mexia em seu humor.

Mas mesmo assim, sabendo como sua mãe a tratava; não se preocupava em apanhar. Até que um dia,a menina de espinhas estufantes conseguiu a chave do quarto,por uma distração da mãe.Chegara do colégio noutro dia, mais ou menos de meio dia;e foi correndo serelepe até o quarto da mãe,nem se ocupou em tomar um banho antes,para tirar o odor de suor.

Mirna abriu o armário da mãe que não havia mais trancas, pois ele já estava muito velho; as portas quase caindo e o armário quase sendo comido pelos cupins que infestavam a casa. Ela fez uma bagunça. Tirou algumas blusas da mãe, colocou-as sobre a cama dura e velha do quarto; Algumas delas até que cabiam bem na menina de braços magricelos e despeitada, e algumas simplesmente não careciam nem de serem experimentadas por ela. Pegou algumas calças de tamanhos duas vezes maiores do que as que ela vestia e entrou nelas, pra não caírem ela colocou um cinto fino e preto que a mãe nem usava mais; não satisfeita em se vestir apenas, foi logo mexer na maquiagem de Dona Joana. Mirna passou horas e horas no quarto, nem percebia que as horas se passavam e que faltavam poucos minutos para que sua mãe voltasse do trabalho mal humorada. Aconteceu o que Mirna não desejava. Sua mãe chegou! E para completar ela não estava nos melhores dias, pois fora demitida por ter quebrado um enfeite muito caro da casa de sua patroa, onde ela trabalhava. Dona Joana chegara arrasada e se sentindo culpada por seu desleixo; Ela,ao chegar, notou a casa muito calma e percebeu um ar de que Mirna não estava fazendo boa coisa por ali, chamou por diversas vezes a menina e ela não respondia, até que num momento de impaciência ela gritou por Mirna, e Mirna respondeu com calma e tom de “ela me pegou, e agora?”.

Dona Joana nada boba; já enraivada pelo desrespeito de sua filha subiu as escadas em silencio até o quarto dela, abriu a porta e Mirna não estava lá, então ela enfureceu-se mais; por saber que Mirna de alguma maneira, não se sabe como, pegou as chaves de sua bolsa e se trancara no quarto ao lado, o que de fato seria de Dona Joana. A senhora aparentemente antiga, porém com seus 40(quarenta anos) anos, despenteada, mãos sofridas e abatida pelo ocorrido, abriu de vez a porta fazendo um estrondoso barulho que demonstrava raiva e que com certeza dali Mirna só sairia depois de ter levado umas boas bofetadas, principalmente com aquele cinto fino que seria muito válido para Dona Joana descontar toda a sua raiva, juntando a do atual ex emprego de empregada doméstica com a bagunça e mau criação daquela menina de apenas 13 anos estupidamente serelepe que dava medo às vezes.

Mirna gritava: - Eu só queria ser como à senhora!

Dona Joana relevou tais frases que para ela não tinha nem um lado afetivo nas palavras de sua filha enxerida, ela batia sem dó; foram aproximadamente cinco chineladas nos braços e pernas, um puxão de cabelo e três marcas de cinto que ela, a mãe rígida deixara em Mirna.

-“Isso é pra você aprender a me respeitar sua menina enxerida!.Quando você vai entender que não pode mexer nas minhas coisas?.”

Mirna, só conseguia chorar, mas sabia que isso iria acontecer, mesmo assim fez.

Estava ali sentada na cama toda marcada e sabia também que desculpas não seriam mais válidas naquele momento para sua mãe. Depois de tanto apanhar, a menina foi para seu quarto; deitou-se sobre a cama e adormeceu em meio a prantos, tais conseqüências de seus atos descabidos.Quando acordou desceu direto até a sala e tentou se desculpar com a mãe,Dona Joana aceitou as desculpas e resolveu,como perdera o emprego,até encontrar outro,ser mais afetiva com a filha,e a partir daí não houve mais gritos nem mau criação;Dona Joana chamou Mirna até o quarto,pediu que a filha escolhesse algumas blusas que poderiam caber nela,a menina toda contente e desconfiada escolhera e também escolhera algumas coisas da maquiagem da mãe.Dona Joana,percebeu a admiração de sua filha por ela e entendeu que era apenas uma fase que toda meninota dessa idade passa na puberdade;Mirna mais uma vez pediu desculpas,aprendeu a ser mais obediente e hoje não existe mais chaves escondidas.Há um entendimento e respeito entre as duas.Mirna deixara de ser buliçosa e sua mãe deixara de trazer seu mau humor para casa.A menina hoje cresceu,deixou as bonecas e a vida de parasita de lado para se centrar nos estudos e ajudar a mãe nas despesas da casa,já que sua mãe era divorciada de seu pai desde seus nove meses de vida,por motivos que só os pais dela sabem e ela nunca se interessou a saber,pelo menos até agora.Meio estranho isso,mas a cabeça dos jovens é muito relativa e complexada para se querer entender.

-Mãe, irei a uma festa hoje, posso pegar seu batom cítrico emprestado?

Dona Joana, muito compreensiva, responde:

-Claro filha!mas traga-o inteiro(risos).

Nadja Dantas
Enviado por Nadja Dantas em 15/09/2010
Reeditado em 31/10/2010
Código do texto: T2500334