O PRÍNCIPE DE UM BRAÇO SÓ

Sonia Barbosa Baptista

(Conto-Infantil)

Uma linda menina com apenas dois anos de idade, desde novinha já gostava de assistir DVD da Xuxa, da Barbie e das princesas.

Foi assim que ela aprendeu dançar com graciosidade inocente de criança.

Tinha a coleção das lindas bonecas da Barbie.

Bonecas bonitas de pernas compridas, completamente esbeltas que encanta as meninas.

E com ela não foi diferente.

No aniversário de um aninho, os convidados geralmente amigos, sabendo de sua preferência, presentearam-na com bonecas de todos os tipos,

E entre elas a boneca Barbie, cada uma com um modelo diferente de roupas e cor do cabelo.

Ela se dizia princesa e acreditava como nos filmes que assistia, então, representava com as bonecas, as cenas de dança .

Tudo era magicamente lindo, mas faltava naquela coleção a figura de um príncipe, visto que, ele faz parte do mundo encantado da boneca que encanta as meninas de todas as idades.

Quero dizer: as meninas de menos de oito anos ou quem sabe até menos, visto que as meninas de hoje, com essa explosão de comportamento estão se desvencilhando muito mais cedo das suas inocentes brincadeiras de mãezinha.

Voltando aos presentes de aniversário daquela aniversariante do dia.

Entre os presentes que ganhou, tinha os bonecos que são príncipes das bonecas nos filmes que ela assistia, eles também têm o mesmo estilo e tamanho das bonecas da coleção.

São bonecos muito bonitos.

Na verdade, é um único boneco de nome Ken, porém ele, como as bonecas, têm várias cores de cabelo e cor de pele, com os mais variados tipos de roupas.

Mas entre os bonecos havia um que fugia ao estilo.

Era bem maior, de fisionomia linda, de olhos verdes , na boca uma chupeta, tinha uma boca linda.

Assim, como algumas bonecas já trazem o sexo definido, esse tal boneco também trouxe, (mas fazer o que, como evitar tais conhecimentos e descobertas do sexo entre as crianças tão cedo, se os brinquedos já mostram a realidade do corpo do ser humano?

Esse boneco não era o preferido dela.

O tempo passou e quase completando três anos de idade, a menina, nas idas no final de semana para a casa da avó, descobriu entre os poucos brinquedos que ali ficaram, justamente para que quando ela fosse para casa da avó, ter como brincar sem ter que ficar levando de casa tantos brinquedos.

Ela descobriu o boneco entre os tantos brinquedos que estavam guardados na garagem.

Ainda em ritmo de mudança da casa da avó para a casa dos pais, esse boneco perdeu um dos braços, que se procurar bem, quem sabe pode ser encontrado (por isso ele passou a ser o príncipe, não da Barbie e sim da menina que encantada com ele e entre todos foi escolhido como: o seu príncipe.

Mas como ela ainda não sabe falar as palavras certas, ela o chama de (meu Pris) e enquanto dança com ele beijando na boca, ela o chama de meu amor (me amô) e naquele inocente beijo e numa demonstração de carinho, ela diz: Eu amo você meu Pris, e diz para a avó: eu vou casar com ele, e repete, eu amo ele...

Uma noite enquanto a avó assistia televisão, ela com o príncipe no colo se olhava no espelho.

E resolveu implicar com a menina do espelho, e falava:

Sua boba, (o Pris) é meu, larga ele, põe ele no chão.

E ficou ali um tempo chateada porque a menina do espelho fazia tudo que ela fazia, resolveu fazer caretas, mas não adiantou e então ela disse:

Vovó, manda essa menina sair daqui, ela quer tomar o meu (Pris) ele é só meu.

E a avó olhando para ela, sorria.

Enquanto ela franzindo a sobrancelhas olhava sério para a avó.

A menina na sua pureza de alma e coração, escolheu o boneco sem um braço para ser seu amor e seu príncipe.

Não se importando com a deficiência dele, que para ela, é normal.

Tanto que, quando ela está andando de bicicleta ou no carro da Barbie, ele é o único que está sempre com ela.

E quanto ao boneco ser deficiente e ser muito querido pela menina podem concluir que o mundo com a nova geração carinhosa que está surgindo, caminha para um novo tempo...

Sem preconceito, sem soberba e com muito amor...

É a vida em renovação.

18/08/2010