O Dragão e o Filho do Fazendeiro

Certa vez, um velho dragão doente se afastou de seu amigo Lorde Winchester e alojou-se numa caverna ao pé de um distante vilarejo.

O dragão queria logo que seu sangue fosse derramado para não sofrer até a morte. Então, furioso, o dragão partiu a uma velha fazenda. Lá, ele comeu alguns carneiros, queimou a palha do celeiro e assustou seus moradores.

Revoltado com tudo, o pobre fazendeiro partiu ao rei e contou-lhe as peripécias do monstro e pediu a permissão de mandar seu filho, o mais valente guerreiro do Reino, matar o dragão. O rei, tomando as dores do homem, aceitou e deu total liberdade ao fazendeiro de tomar tal atitude.

Em poucas semanas, o filho do fazendeiro, seguindo rumores oriundos do sul, partiu à misteriosa caverna do dragão. Seu cavalo era rápido, o que o fez chegar ao vilarejo em poucos dias.

Seu semblante passou do ódio mortal ao dó profundo, quando chegou ao esconderijo, porque ele via o dragão uivando e debatendo-se de dor. Sua espada caiu tão logo descobriu porque o dragão destruira tudo: sua vida estava se acabando.

Aproximou-se do dragão pedindo-lhe calma. O dragão, cambaleante, se levantou, rugiu e tentou soltar suas labaredas de fogo, mas somente três faíscas surgiram de sua garganta sangrada.

O filho do fazendeiro disse-lhe que sabia de uma receita milenar que curava até a morte, mas o dragão se recusou e mandou que o jovem partisse. Ele partiu, porém voltou com uma ovelha cheia de uma pasta branca e folhas verdes. Ofereceu ao dragão como última refeição.

O dragão fartou-se da ovelha e logo o jovem falou que a pasta branca era a receita milenar. O dragão, duvidoso, lhe perguntou se aquilo realmente funcionaria. O filho do fazendeiro afirmou que ela nunca havia falhado.

Então, o dragão esperançoso correu para fora da caverna, abriu suas asas e voou, voou e voou em direção ao sol, até que caiu estático e gélido.

Aquele jovem sabia que a pasta de maçã com folhas hortelã não ajudaria, mas daria ao pobre dragão a chance de morrer feliz.