A nuvenzinha
Uma nuvenzinha resolve ir à praia e pega uma carona no vento. O sol ainda leve colorindo o céu: seus raios em tons ferrugem, suave, descendo em fios no ar, tingindo as águas. Pássaros alternando o voo em imensos mergulhos numa deliciosa sensação na manhã. E pensava-se ser um bailado de aves – ora no mar, ora no ar...
Ouvem-se longos suspiros. A nuvenzinha faz curvas, levanta os braços, estica-se, e se envolve num branco véu, deixando o vento arrastá-la para os arrecifes.
Senta-se no alto de um rochedo e vai-se dobrando aos olhos do sol, feito lençol de algodão, macio, macio: zzz...
Acorda do cochilo, ao meio-dia.
_Hum! Acho que vou me refrescar!- diz enrolando-se na brisa do mar.
Glup, glup, glup...
Em seguida observa, com ternura (as bochechas rechonchudas de águas) e, mesmo pesada, alarga um sorriso nas faces.
Então, o vento, quase que cansado, e fraco de andar, quer voltar para casa. A nuvenzinha tem agora um corpinho cinzento, quase azulado. Os pés querem seguir, mas as mãos deslizam nas asas do amigo: _Não, vou ficar por aqui!
E ele se vai, entre ondas e marés.
Silenciosa, não sabendo o que fazer (chorava ou sorria), perto do anoitecer, vê a lua nascer.
_Ela vai beijar as águas?
E minutos, horas passam... E a nuvenzinha fica escura, acolhendo com seus frios braços as gotas de orvalho do mar. E fica rondando, rondando em pensamentos, e de certo modo, querendo entender por que a lua beija o mar...
Longamente sente as cores da noite dentro de si. E quando a lua vai dormir, e quando todos os ventos dão os últimos passos nas areias da praia, ainda se vê, a nuvenzinha, à beira-mar.