O pássaro azul
Era um penhasco alto e gramado, nada havia lá, o único que o visitava todas as manhãs era o sol, insistente e imponente sempre aparecendo e cumprimentando o gramado e o vento que pairava as alturas. O vento cansado da solidão do penhasco, trouxe de presente uma semente, ela era marrom lisa e comprida, com carinho a deixou com suavidade sobre a terra.
A terra por sua vez, a envolveu como um abraço forte e caloroso, como uma mãe a nutriu, fazendo com que crescesse com rapidez e beleza, até que uma bela e impontente árvore se tornasse.
Agradecida por toda a acolhida da natureza a árvore decidirá retribuir, dando frutos amarelos, eram belas e suculentas nesperas. O penhasco antes solitário e seco, agora contava com a sombra e a beleza daquela árvore, o sol ainda mais satisfeito e brilhante, cumprimentava e alimentava a árvore por todas as manhãs. Fazendo com que se sentisse feliz e completa.
Com o passar dos anos, o cheiro de suas frutas foram se espalhando pelos locais em volta, o que acabou atraindo um pequeno pássaro azul, ele cantava durante o dia, era alegre, conversa com a árvore que o acolhera com todo o prazer. Ele trouxera sua companheira e os dois enamorados fizeram um belo ninho, com três ovos branquinhos.
A árvore sentia-se em êxtase, o amor transbordava em seu coração, logo haveriam mais pássaros azuis.
Até que um dia apareceu um homem, ele tinha uma espingarda e por prazer mórbido, atirou nos passaros, o ninho caiu no chão o óvos se quebraram, os passaros sangravam sobre o ninho caido. A árvore sentiu grande raiva e angustia. Mas seu coração não deixou que fizesse nada, olhou o homem indo embora rindo com ar de vitória, uma vitória que ela não entendia, como alguém poderia ter prazer em ferir outro ser vivo. Ela chorou de tristeza, suas lágrimas molhavam a terra.
No dia seguinte assim que o sol chegou, ela mexeu seus galhos e com delicadeza, pegou os corpos frageis dos passarinhos, o sangue escorria por entre seus galhos, ela olhou com pesar para o sol como quem quer entrega-los, o sol os envolveu com sua luz dourada, cada vez mais forte, o corpo dos pássaros se misturaram cada vez mais a luz, até se fundirem e desaparecerem.
A árvore olhou para o sol cabisbaixa, não conseguia entender a própria dor, não quis se alimentar naquele dia, não quis falar com o sol, o vento a acariciou, mas pela primeira vez não queria senti-lo. ela sentou a beira do penhasco e chorou.
No dia seguinte depois da insistência do sol, ela se levantou, se alimentou e decidiu ficar de pé. Não queria mais a tristeza, desejou dar frutos e continuar a crescer. Voltou a sentir a luz do sol e o balançar do vento.
Até que em uma manhã, ao abrir os seus olhos, haviam dezenas de crianças sobre seus galhos, elas corriam, brincavam e se alimentavam de seus frutos. Ela olhou para os pequenos emocionada, sentia-se feliz, gostava de ver o sorriso das crianças, de vê-las correndo em volta de seu tronco, subindo em seus galhos, ela as acolheu com todo amor que havia na terra. Tinha agora uma nova missão.