Para um menino doente

E a noite encheu-se de sons.

Grilos cantando no muro da casa, corpinhos encolhidos entre os tijolos, roçando as asas... Uma contra a outra... Cantos suaves, em fases de cortejo tais seresteiros apaixonados pela lua a dedilhar “cri, cri, cri..!” em violões comprados dos pássaros canoros.

As formigas descendo nos troncos das árvores numa fila de soldadinhos e as folhinhas: flic, flic, flic... balançando-se no alto das antenas.

Chega uma abelha, meio apressada, cheira o jasmim, de olhos amarelos... “Este jardim... perto da janela... Um dia...”, levanta voo e atira-se no ar.

Misturam-se os risos das crianças, como uma melodia: trá lá lá lá _ pipocam olhares _ avós e tios, dizendo doçuras em presença dos pais.

As estrelas, cheias de luzes, acendem e apagam, brincando de meninos, enfeitando a rua, esticando a noite.

E os sons continuavam.

Da janela, debruçado no peitoril, olhinhos bem abertos, com um tênue sorriso, um menino resfriado...

... Numa expressão tão desejosa de brincadeiras e amigos que um vaga-lume penetra na sala sem ser notado...

... O que se segue é pura fantasia... Um menino pôde ser visto, cruzando a pracinha, sentado entre as asas dum pirilampo...!

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 08/06/2010
Reeditado em 16/11/2010
Código do texto: T2308412
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