Era uma vez um lobo...
Desde que teve a barriga rasgada pelo caçador o lobo não tinha tido uma tarde tão agradável.
Sentados na varanda da casinha da vovó, lá estavam todos eles, Chapeuzinho, a vovó, o caçador e o lobo, jogando dominó e tomando uma deliciosa limonada para refrescar o verão.
Na verdade, tudo mudou – e muito – quando o caçador abriu a barriga do lobo para tirar avó e neta e decidiu por deixá-lo vivo. Esse ato mostrou ao lobo seu valor e esse, sentindo-se grato, mudou sua forma de viver tornando-se um lobo honesto. Passou então a defender o bosque e as criaturas que nele viviam até que um dia, a vovó o chamou para conversar.
Convencida da mudança do lobo convidou-o para ajudá-la nos afazeres da casa. Ofereceu-lhe um quartinho que tinha nos fundos da casa para alojar-se e comida, o que para o lobo foi a melhor das ofertas, visto a fome insaciável que tinha sempre e a delícia que era a comida da vovó. Em troca, cuidava do terreno da casa mantendo nele uma horta que ficava, dia a dia, mais e mais produtiva. No final do dia, com o trabalho já todo concluído, o lobo acompanhava a vovó até a varanda para deliciar os chás com biscoitinhos e bolos e a limonada que a vovó sempre fazia e esperar a Chapeuzinho e o caçador que sempre passavam por ali para conversar e contar as novidades do vilarejo.
O lobo descobriu o quanto é bom ter uma família. A vovó, Chapeuzinho, o caçador eram agora sua família e por nada na vida ele os abandonaria. Assim, nasceu um novo Lobo que da mesma forma como ganhou a chance de mudar de vida, também oferecia a todos muito amor. Vivia em nome do amor. Trabalhava para que o amor pudesse habitar os corações de cada ser vivo daquele bosque, afinal, queria que todos se sentissem tão feliz como ele se sentia.
E tudo ia bem na vida do nosso amigo, até que um belo dia, apareceu no pequeno vilarejo, ninguém sabe de onde ou como, um homem misterioso e com ares de poucos amigos. Esse homem, cheio de maldade era na verdade um caçador cruel que queria mesmo era matar o lobo. É claro que o lobo ficou sabendo, pois passou a ser querido por todas as criaturas do bosque e, tão logo souberam das intenções do caçador foram, uns correndo, outros voando, alertar o novo amigo do perigo que corria. O lobo acreditou nos amigos e também acreditou que poderia mudar os pensamentos do caçador cruel e, sem falar nada a ninguém foi ao encontro do ser que queria arrancar-lhe a pele na tentativa de explicar-lhe o quanto é bom ser bom, mas pobre lobo, nem teve tempo de abrir a boca – ou o focinho. Ao ver-lhe de longe, o caçador foi logo atirando e matou o lobo.
A tristeza se espalhou por todo o bosque e até hoje ainda se conta a história do Lobo mau que virou Lobo bom. Quanto ao caçador, bem, esse o curupira que passava por lá e viu a crueldade que fez com o lobo, tratou logo de dar um jeito. O infeliz está até hoje andando em círculos sem conseguir achar a saída do lugar.
Mas que fique para todos a grande lição que nosso amigo deixou, ou melhor, as duas grandes lições: Primeiro, que todos podem mudar, basta ter quem mostre outros caminhos e de a oportunidade. Segundo, o amor não dispensa a astúcia, nunca...