Balbil
Do outro lado do arco-íris mora um duende, esperto toda vida. Outro dia ele inventou de inventar uma forma de vir para o lado de cá, esse lado onde nós humanos moramos, só para ver como são as coisas por aqui e não é que ele conseguiu?
Esse duende nunca tinha saído da terra dele, então, logo que chegou foi querendo experimentar de tudo.
Primeira parada foi o parque de diversão, aquele grandão que fica naquela cidade grandona onde todo mundo corre sempre e demais. Ele gostou tanto que ficou lá o dia inteirinho. Tomou sorvete, aquele refrigerante que todo mundo toma, comeu batata frita e conheceu a Aninha, aquela menina que também estava passando o dia no parque e que tem o rosto todo pintadinho com pintinhas vermelhas que as pessoas grandes chamam de sardas.
Por causa das sardas e dos cabelos vermelhos, todas as crianças riem da Aninha e é por isso que ela sempre fica sozinha, mas nesse dia ela ganhou um amigo, o duende, que ao encontrá-la foi logo contando sua história e a Aninha ficou toda animada ao perceber que ele não se importava com suas pintinhas e com a cor de seus cabelos, ao contrário, até parecia gostar, será?
Os dois passaram um dia muito especial, até que o Balbil, - ops! Desculpe, esqueci de dizer que Balbil é o nome do duende - disse que já estava na hora de ir embora. Pra que, foi uma choradeira! A Aninha não se conformava, demorou tanto pra conseguir um amigo e agora que tinha achado ele ia embora? Isso não era justo! E lá colocou a boca no mundo no maior berreiro. Balbil, querendo saber o motivo de tanta tristeza, sentou-se ao seu lado para ouvir sua história e muito se surpreendeu ao saber que as outras crianças riam e se afastavam dela por causa das pintinhas no seu rosto e da cor dos seus cabelos, afinal, aquelas pintinhas e aquele vermelho nos cabelos deixavam a menina mais linda que tudo que ele já tinha visto na vida. Balbil também lhe disse que se morasse no mundo dele seria uma rainha, porque o vermelho lá era a cor da realeza e assim ele começou a dizer todas as qualidades que conseguia ver na amiga e que não eram poucas.
Aninha, ao ouvir tudo o que Balbil lhe disse, levantou-se radiante, como se tivesse tomado um gole bem grande de sol. Os olhos brilhavam e toda feliz abraçou o amigo certa de que daquele momento em diante, sua vida seria diferente. E foi. Aninha nunca mais viu Balbil, mas depois daquele dia tudo mudou em sua vida. Passou a ser a melhor amiga de muita gente. Todos a queriam nos grupos de estudo da escola, era convidada para as festas de aniversário dos coleguinhas e de uma coisa ela tinha certeza, não foi por sua beleza que tudo isso aconteceu, mas sim pela lição sobre amizade que aprendeu com Balbil. Seu amigo lhe ensinou que o que importa é o que somos e não a aparência que temos e, se nos dermos o devido valor, todas as outras pessoas também nos valorizarão.
De uma coisa Aninha tinha certeza, verdadeiro amigo é aquele que sempre está junto, mesmo estando longe. Era assim com ela e com Balbil, embora nunca mais tenha encontrado seu amigo, sabia que de alguma forma ele estava presente nela. A isso Aninha chamava de amizade.