BRISA E A CONSCIÊNCIA
Apesar de Brisa ser a protagonista de muitos de meus textos, tenho mais dois filhos, Vithor e Maurício, meu primogênito e são igualmente os filhos mais generosos, amorosos e motivo de muito orgulho para mim. Estes dois últimos brincam muito comigo, dizendo que a educação que dei a eles foi à base do terrorismo. Jamais me mentiram sobre quaisquer assunto e sempre tivemos um diálogo aberto e cada qual respeitando a opinião do outro, mas quando achava que estavam errados ou que poderiam fazer algo de que se arrependessem, apenas dizia: Tudo bem, faça como quiser, isto ficará na sua CONSCIÊNCIA! Era fatal!! Sabia que passado uns minutos, eles virriam me dizer: Está bem, mãe! Era isso mesmo, ou eu estava errado, ou algo do gênero. Creio que isto ocorria por que sempre procurei mostrar-lhes o que achava que fosse certo, conforme meus pais me ensinaram, e embora educar um filho seja trabalhoso e requeira muita paciência, acho que consegui fazê-lo. Brisa,mesmo tendo nascido com grande diferença de idade dos irmãos, é educada do mesmo modo, embora "ganhe" a todos com sua inteligência e carisma. Mas também utilizo o "velho método" de apelar para a sua consciência quando faz algo errado e saliento que quando nos arrependemos verdadeiramente de algo devemos pedir desculpas sinceras a quem prejudicamos. Pois bem, Brisa, foi para a escolinha o ano passado, ocasiâo em que tinha quatro aninhos. Ficou encantada com os colegas, com o ambiente, enfim, adorou tudo. Um belo dia, a professora telefona dizendo que fosse buscá-la, pois ela não estava bem. Chegando à escolinha abracei-a e perguntei-lhe o que houvera, mas ela nada falou. A professora disse que ela havia pego um pouco do lanche da coleguinha e por ter sido repreendida, começou a chorar muito, o que assustou a professora. Chegando em casa insisti no assunto querendo saber o que motivara aquele choro, aquela tristeza. E ela: Sabe, mãe! Peguei o lanche da minha coleguinha por que era muito bom, mas ela chorou e eu fiquei triste, me arrependi e falei pra ela, mas ela continuou chorando, daí chorei também. Dei-lhe um abraço apertado, de conforto, e sorri feliz, pois mais um de meus filhos havia assimilado as minhas lições de amor e respeito ao próximo e a conviver com as pessoas. Até mesmo eu, às vezes acho que há um certo "terrorismo" nesta minha maneira de educar meus filhos, mas creio que quando reconhecemos os verdadeiros valores morais e éticos da vida não há pior inquisidor do que a nossa consciência e se funcionou até hoje, apesar de ser um método muito pessoal é bem eficaz.
Helena Grecco
26.03.2010