O pequeno sanfoneiro
Isaac é um menino sanfoneiro. Todo sábado ele pega sua sanfona e vai pro povoado com o pai. Lá depois da missa, ele senta num banquinho da pracinha e toca que é uma gostosura. O povo vem e fica admirando acendendo o coração para uma festa.
Nas noites de São João, debaixo da lua, sempre se encontra Isaac com seu acordeão. E meninos e meninas, velhos e moços cantam as modas do Nordeste nos ritmos do pequeno sanfoneiro.
“Quando oiei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu,ai
Por que tamanha judiação” (Luiz Gonzaga)
E Isaac prende a atenção de todos, enquanto vão arrastando os pés, esquecendo as dores, e murmurando dos amores que se tocava nos tempos de Gonzagão:
“Mandacaru
Quando fulora na seca
É o siná que a chuva chega
No sertão
Toda menina que enjôa
Da boneca
É siná que o amor
Já chegou no coração...”
Há a mulher de Seu José no seu vestido de chita; Mariazinha que na redondeza é a moça mais bonita; os homens com seus chapéus convidando as mulheres para dançar; e todo aquelas comidas: canjica, mungunzá, bolo de macaxeira e milho verde enchendo o ar.
E Isaac onde sempre está? No alto do palco com as mãos na sanfona, embalando as horas felizes do povo do sertão!
Ah, e as morenas? Ora, no meio do salão, requebrando:
“Adeus, Mariazinha, que eu vou-me embora
Deixo meu carinho e um cheiro
Nesse sertão eu sou um menino sanfoneiro
Mamãe diz que tenho dedos benditos
E as meninas acham meus olhos bonitos
Ai, morena, não chores se tenho de ir agora...”
Mas o menino só tem sete anos e no outro dia há a escola...
Então, se ouve: plac, plac, plac... no caminho do pequeno sanfoneiro!...