O VENTO

O VENTO

O vento viajava pelo mundo. Ia bem devagar para conhecer as pessoas. Elas gostavam quando o vento soprava nelas.

Ele gostava das flores. Elas eram tantas e tão diferentes umas das outras. Mas todas queriam o ventinho por perto. Era difícil agradar a tantas flores ao mesmo tempo!

O vento carregava sementes, folhinhas, e cheiros, mas o que mais gostava era de carregar perfumes. Ah, isso sim lhe dava prazer! Ele levava o perfume daqui para lá e trazia de lá pra cá. Os homens ficavam fascinados com o cheiro das mulheres, as mulheres romantizavam o perfume das flores, os pais amavam o cheirinho dos bebês, a mamãe cheirava o papai, o homem cheirava a comida, a criança cheirava o ursinho, e o vento cheirava tudo.

Às vezes ele teimava em ficar no mesmo lugar. Era esquisito isso. Ficava até tonto o coitado quando rodava em círculos no redemoinho. Zuuum zuuum zuuuuuuuuummmmm e girava e girava, e zunia...O lixo rodava junto, a poeira levantava e o vento ventava mais rápido. Zuuum zuuuum zuuuuuuuuuummmm...

Muitas vezes ficava só lá pelo alto e não descia. De lá do alto ele via os campos, as plantações, os animais correndo em festa, as rodovias. Era tudo tão lindo! As árvores balançavam com um simples soprinho dele.

Bonzinho bonzinho ele ajudava a secar as roupas nos varais ventando bem devagar um ventinho quentinho. As camisas balançavam os braços de tanta felicidade, obaaa o vento, as calças jeans pareciam dançar com meu vestido que também dançava com a saia de Julia, precisavam ver que lindo!

Quando chegava o calor ele trabalhava muito, nem dava conta de refrescar o planeta inteiro. Também, o planeta era muito grande! O coitadinho do vento corria pra lá e já ficava quente aqui, voltava correndo para cá e lá já ficava quente de novo. Ufa que trabalheira! Folga mesmo só durante o inverno. Aí ele ventava raramente e bem geladinho.

Ah ele adorava ler, era só ter um livro ou jornal exposto ao vento que ele ia folheando página por página. Lia tudo num instantinho. E quando ele gostava muito da história abria o livro de novo e recomeçava a folhear página por página. Às vezes ele fazia isso com tanta pressa que eu pensava que ele não lia não, apenas fingia.