O ataque do gavião
No alto da porteira, o galo Zé endireitou os esporões para cantar; alisou as barbichas, moveu a cabeça para um lado e outro com cuidado nos brincos grandes e vermelhos; e empinava-se a cacarejar quando divisou um gavião a voar baixo sobre a fazenda.
Ratatatá... O coração começou a bater. Os olhos a viajar no inimigo. Calculou que naquela hora Dona Branca estava a sair com os pintinhos para passear.
COCOROCOCÓ! Saltou no meio do terreiro: era o aviso de perigo. Os filhotes primeiro um a um no galinheiro... ERA O GAVIÃO... ERA O GAVIÃO! Na voz do galo Zé o ar de comando. Todos... todos... todos... com pressa e muita atenção.
Quando já ia fechando a porta, Zé notou que tinham se esquecido do pintinho Kiko. Abriu um sorriso de cuidado e o ajudou: “Não saia de perto da mamãe!”, cacarejou. E de rosto sisudo a chave na porta passou.
Então, houve silêncio!... Pintinhos debaixo de asas; Zé com os franguinhos na porta do galinheiro. Zimmmm!... o inimigo num voo rasteiro. O rumor nas telhas caminhando... caminhando... até perder-se do outro lado do mundo!
Ainda no esconderijo um aviso sério: “Não se afastem do terreiro!” E Zé saiu com andar de rei “Ah, meus pintinhos o gavião não pega, não!” Sobre ele o olhar respeitoso de todos.