BRISA E A GENEROSIDADE

Certo dia, ao não avistar a coelhinha de Brisa no quintal, desci e fui procurá-la. Achei-a morta, sob uma árvore. Mesmo achando que as crianças devem tomar ciência de assuntos relacionados à perdas e mortes, fiquei penalizada de falar-lhe a verdade, pois mesmo tendo apenas cinco aninhos, já teve perdas muito grandes. Disse-lhe que acreditava que a sua coelhinha tinha fugido. Ela lamentou, mas não falou mais no assunto. Um pouco antes deste episódio, os coelhinhos de sua amiguinha, que mora ao lado de nossa casa, haviam passado para o nosso quintal e um deles morreu. Brisa viu o que ocorreu e concordou comigo que era melhor não dizer pra amiguinha, que era melhor pensar que ele havia fugido.

Esta semana ela chegou eufórica: - Mãe! Sabe que a Nicole disse que meu coelhinho tá lá na casa dela? (Acho que a menina queria brincar com ela). Eu perguntei-lhe:- Que bom! E tu vai buscá-lo? Ela me olhou e disse: - Não! Não lembra que o coelhinho dela morreu? Eu gosto do meu coelhinho, mas se pegar ele de volta, ela vai ficar triste de novo. E não quero isto! Dei um abraço apertado nela e prometi, que na Páscoa ia lhe dar um outro coelhinho.

Ela saiu faceira, para o quintal, pra apanhar araçás. Observo-a, orgulhosa por ser tão doce a minha Brisa, e sei que o mundo seria muito melhor se todos se olhassem assim, com os olhos do coração.

Helena Grecco

14.03.2010