A CASINHA AO LADO
Minha mãe sempre detestava mudar de casa, como eu era apenas uma criança nada podia acrescentar aquele descrédito de sua parte, porém, eu me sentia feliz quando meu pai dizia consigo que já estava cansado daquele teto, e era sempre assim; bastava um inverno e meu pai colocava o pé na estrada, do sertão para a cidade e da cidade para uma região cada vez mais distante. Lembro-me da casinha de taipo, minha avó costumava catar-me piolhos, era um exercício para minha infância.
Aos noves anos eu tinha um quintal inteiro para brincar, aliás, eu sempre tive esse quintal, mas só agora pude perceber como era extensa, havia logo no batente da porta da cozinha uma oiticica cujo meu pai plantara quando era criança, aquela lembrança era tão viva que hoje aos vinte anos ainda as tenho como luz na minha visão; o mais legal na casa nova são o inesperado, tudo é desconhecido, e logo cada canto parece um universo novo o que porventura me deixava mais intrigado era que eu sempre ia ao mesmo lugar, mas tudo parecia desconhecido.