Um dia no campo
A noite de estrelas anunciava mais um dia.
O galo cantou antes da hora para o sol de rachar o cérebro.
A vaca silenciosamente prepara as tetas para dar o seu leite aos meninos
A espuma retirada com as mãos pelo moço simples de chapéu,
Alegrava a garotada na madrugada onde os bigodes se formam em fila.
Todos trouxeram as canecas de alumínio nas mãos,
As chinelas nos pés e shorts sorridentes.
Eles saem para mais um dia de estrelas a caminho da escola rural.
E junto com os livros vem o sol, as plantas e os mosquitos da manhã.
Enquanto caminham léguas, brincam de esconder, catar paus e jogam pedras nos caminhos, vão contentes.
Na escola irão receber o pão com manteiga e o leite quente, os meninos tem que apressar o passo, mas esse calor...
Todos obedecem à irmã mais velha de 8 anos e se escondem do homem que atravessa a estrada. Eles ficam mudos até a passagem silenciar.
Os pássaros já piam em desespero. O riacho dá bom dia a todos que bebem da água límpida, para de novo continuarem o trajeto.
Um dia como outro qualquer no lugar, anuncia as horas iguais.
Mas a vida na mata tem sempre surpresas e descobertas.
Um ninho de cobras atravessou a passagem da ponte.
A curiosidade impedia que as crianças fossem para a escola, sem uma investigação do acontecimento.
As cobras nem gostam tanto de calor. Mas nunca se sabe...Devem se afastar, protege a irmã mais sabia, porém as cobras agitavam enlouquecidas num espaço ínfimo, já não lhes cabiam. Escondidas num buraco de árvore meio oco, elas debatiam para terem um lugar ao sol. Eram cobras urbanas, penso.
Mais um dia de mudanças raiava agora completamente. Os meninos seguiram a trilha descontentes.
Eles anunciaram o feito na hora da merenda. E como todos os heróis medievais que conheciam, contaram o acontecimento de forma brilhante e detalhada.
Distraídos da vida das cidades, essa declaração oral original, naquele dia, deu a eles uma excelente nota em português. E isso era muito bom, ao chegar em casa à tardinha iriam deixar o pai muito contente.