O cachorro diferente
O cachorro diferente
Paulinho sempre teve um sonho: queria ter um cachorro. Ele passava muito tempo só pensando como seria se tivesse um cachorro.
- Se eu tivesse um cachorrinho, sairia com ele toda manhã, o levaria para tomar sol, andaria de bicicleta bem devagarzinho só para ele me acompanhar. Ele seria meu melhor amigo...
Sempre era assim, Paulinho pensava, pensava, pensava e só; não podia fazer mais nada já que sua mãe não queria de jeito nenhum um cachorro dentro de casa. Ele bem que tentava:
- Mãe, me deixa criar um cachorrinho! (falava Paulinho)
- Não.
- Por que mãe? (insistia Paulinho)
- Porque eu não quero.
- Mas, mãe...
- Paulinho, eu não quero mais ouvir você falando de nenhum cachorrinho e assunto encerrado, certo?
Sempre era assim e para não arrumar mais briga e não se chatear, Paulinho deixou o assunto de lado. Ele sabia que sua mãe era osso duro de roer e por mais que ele insistisse, ela não mudaria de idéia.
Certo dia, o vizinho de Paulinho, Maurinho, o convidou para um grande programa: ir ao Parque de Diversões. Paulinho gostou muito da idéia, pediu sua mãe e ela deixou sem nenhum problema.
Paulinho e Maurinho eram grandes amigos. Eles estudavam juntos na quarta série. Viviam grudados um com o outro. Iam juntos para a escola, sentavam ao lado um do outro, na hora do recreio lanchavam juntos, faziam os trabalhos de casa juntos e quando não estavam na escola, brincavam em casa. Era uma grande amizade.
Eles foram para o parque com muita alegria. Brincaram, pularam, riram, andaram no carrinho bate-bate, na roda-gigante, no trem fantasma e fizeram a festa.
Depois de muita brincadeira, chegou a hora de voltar. Eles voltavam conversando com grande entusiasmo.
- Maurinho, aquele carrinho bate-bate é muito legal. Por mim, ficaria naquele brinquedo o tempo todo. (dizia Paulinho)
- Eu gostei mais da roda gigante. É muito legal quando a gente chega lá em cima e olha para as pessoas pequenininhas lá embaixo. (falava Maurinho)
- Tudo é legal! Até o trem fantasma, apesar daquelas caras feias! (disse Paulinho)
- Você tá falando que foi legal, mas tava se borrando todo, até fechava os olhos. Eu vi! (implicava Maurinho)
- Tá bom, eu fiquei com medo mas foi muito legal!
E assim, o tempo ia passando e os dois conversavam muito sobre a grande aventura que foi a ida ao Parque.
Quando chegaram na casa do Paulinho, eles sentaram na escada na frente da casa e continuaram a conversa que parecia que não iria acabar tão cedo, até que falaram do cachorro.
- Maurinho, e aquele cachorro? O que você achou? (perguntou Paulinho)
- Ah! Ele estava tão gordinho e estava nos chamando. Quando fomos nos aproximando dele... que sensação gostosa!
- É Maurinho, eu não sabia que você tinha ficado tão contente assim por causa daquele cachorro. Pra mim foi um sonho mas...
- Paulinho, que história é essa de cachorro que foi um sonho? Eu já não te falei que eu não quero saber de cachorro? É melhor você não sonhar com ele e nem se aproximar mais de nenhum cachorro, ouviu? (disse D. Rosane, a mãe de Paulinho, que tinha ouvido a conversa dos dois)
Os dois meninos caíram na gargalhada e D. Rosane não entendeu nada, ficando mais revoltada.
- Ei! Vocês podem parar de rir da minha cara? Aliás, por que vocês estão rindo? Eu estou falando sério! (disse aos berros D. Rosane)
- É que esse cachorro não late. (falou Maurinho)
- E nem anda. (disse Paulinho)
- Além de tudo, ele está doente? Pior ainda! Não quero saber desse cachorro e de nenhum outro! (continuava brava a D. Rosane)
- Mãe, me desculpe mas vou explicar. Eu não quero mais um cachorro. Esse cachorro que nós estamos falando é um cachorro que não anda, não late, não morde, não tem pêlo, não tem focinho, não tem pata e nem está vivo, aliás, nunca esteve. (explicou Paulinho)
- Mas então, que cachorro é esse? (perguntou D. Rosane)
- É um cachorro-quente mãe. Foi o nosso lanche.
E depois da explicação de Paulinho, as risadas continuaram. Até mesmo D. Rosane começou a rir, percebendo a mancada que havia dado.