Glorinha Esperança (Parte II)
Perdida em pensamentos, sentada no fino galho da goiabeira, num suave balançar do vento da tarde, Glorinha mergulha nas lembranças do seu pai. Que, embora poucas, mas o suficiente para vê-lo na figura de um homem alto e magro, que costumava sentar-se num tronco de coqueiro, caido às margens da velha estrada de terra poeirenta. E, onde, após terminar a jornada de trabalho, enrolava um cigarrro de palha, e, acendendo-o, se punha a olhar fixamente para o fim da estrada, como que se tentando advinhar até onde ela iria. E, assim, ele se foi por ela, quando Glorinha completou quatro anos de idade. Já se passara três, desde aquele dia atípico. Quando sua mãe, aos prantos, abraçou-a, e, soluçando, murmurou ... - Ele foi embora e meu coração diz que não vai mais voltar! Estas palavras soaram para Glorinha, quase como uma sentença. Mas, agora, ali naquele momento, com a tarde indo embora, ela não iria deixar-se tomar pelo desânimo. E, antes do brado costumeiro da D. Gertrudes, ela desce rápidamente da árvore, e, abraçando-se ao seu tronco liso, murmura baixinho...- Obrigada amiga, já está anoitecendo, amanhã voltarei para esperá-lo!