A Fada Estrelinha e o Cachorrinho Pipoca
Pipoca era um cachorrinho muito danado. Ganhara o apelido de Pipoca por que era todo branquinho e vivia pulando feito pipoca na panela.
Dona Maricota cuidava dele como se fosse um bebezinho. Dava banho, passava talco, dava mamadeira e ainda mandou fazer um bercinho e um cobertozinho azul, com seu nome escrito em letras douradas.
Um dia Dona Maricota foi passear no parque e levou o Pipoca junto. Era um parque, muito, mas muito grandão mesmo. Tinha campo de futebol, tinha balanço, tinha gangorra, tinha trepa trepa, tinha escorregador e tinha também um lago enorme, cheio de peixinhos coloridos e marrecos barulhentos. Havia também muitas árvores espalhadas pelo parque, onde os pássaros se aconchegavam felizes em seus ninhos.
Assim que chegaram puseram-se a correr pela pista de Cooper em volta do lago. O Pipoca, danado como ele só, não parava um segundo sequer de fazer bagunça. Depois foram se divertir nos brinquedos e por fim, foram brincar de bola com os meninos. Foi uma verdadeira farra. Os meninos não paravam de rir das trapalhadas que o Pipoca fazia, pois na verdade ele não passava de um grandíssimo perna de pau, ruim de bola que ele só.
Dona Maricoca se movimentou tanto que ficou cansada e resolveu sentar-se em um banco debaixo de um pé de amora. Amarrou o Pipoca perto dela e de tão cansada que estava acabou adormecendo. O Pipoca aproveitou-se desse momento e, danado como ele só, livrou-se da coleira e saiu correndo pelo parque.
Depois de alguns minutos a Dona Maricota acordou e foi embora para casa. E vocês não vão acreditar ela se esqueceu do Pipoca. Só quando chegou em casa é que deu falta dele. A coitada da Dona Maricota voltou correndo feito uma doida lá para o parque, porém, não achou mais o Pipoca.
O danado do cachorrinho saiu pelo portão errado e acabou se perdendo. Ficou vagando pelas ruas tentando achar a sua casa, só que quanto mais andava, mais se perdia.
O Pipoca chegou em uma rua bem comprida e viu alguns cachorros vira latas fuçando o lixo. O pobrezinho aproximou-se dos cachorros para pedir ajuda. Porém os cachorrões ao invés de ajudá-lo saíram correndo atrás dele e deram um monte de mordidas em seu bumbum.
Que enrascada. O Pipoca para fugir dos seus agressores se perdeu ainda mais. Até que chegou em uma avenida, onde havia uma praça bem grandona e resolveu descansar um pouco embaixo de um pé de ameixa.
Já estava quase cochilando quando sentiu alguém acariciar-lhe a cabeça. Abriu os olhos rapidamente pensando que fosse a Dona Maricota. Porém não era ela, não. Na verdade era uma velha, com um narigão enorme e uma verruga bem na ponta.
----Pobre cachorrinho. Deve estar perdido. Vou levá-lo para casa e cuidar bem dele. –Disse a velha.
O Pipoca ficou todo feliz, pois pensou que a velha fosse ajudá-lo a encontrar a sua casa. Puro engano. Na verdade aquela velha era uma bruxa muito má e não tinha a menor intenção de ajudá-lo.
Assim que chegou em casa, a velha amarrou o Pipoca com uma corda bem grossa e gritou:
----Fica quieto ai seu pulguento! Amanhã cedo você vai para a panela de pressão! Vou fazer um delicioso cozido com batatas!
Pobre Pipoca. Passou a noite toda ao relento. Com frio, com fome e todo machucado com as mordidas que levara dos cachorrões.
Já estava quase amanhecendo, quando olhou para o céu e viu lá no alto uma estrelinha que brilhava solitária. Ele suspirou fundo e começou a chorar. Lembrou-se de Dona Maricota e do seu bercinho. A sua barriguinha começou a roncar de tanta fome que estava. Não havia comido nada ainda desde que se perdera. Lembrou-se, então, da mamadeira gostosa que a Dona Maricota fazia todos os dias para ele.
A estrelinha que lá do alto assistia a tudo aquilo, resolveu descer para ver o que estava acontecendo. Na realidade ela era uma pequena fada que descansava entre as nuvens para continuar a sua viagem para a terra encantada.
O Pipoca contou a ela o que estava acontecendo, e assim que terminou de contar a sua história, a pequena fada passou a sua varinha de condão sobre a corda que prendia o Pipoca, fazendo com que ele se libertasse.
----Agora corra para bem longe daqui antes que a bruxa acorde. Assim que ela se levantar e sair vou transformá-la em um pé de repolho para que não faça mais mal a ninguém.
Assim que a bruxa malvada levantou-se e veio pegar o Pipoca para fazer um cozido com batatas, ela teve uma grande surpresa, deu de cara com a pequena fada, que já a esperava do lado de fora com cara de poucas amigas.
A bruxa tentou voltar correndo para dentro da casa na intenção de pegar a sua varinha mágica e lutar de igual para igual com a pequena fada.
Porém a pequena fada foi mais esperta que a bruxa malvada, e num movimento rápido com a sua varinha de condão, amarrou-a com a própria corda que havia prendido o Pipoca. Depois aproximou e bateu com a varinha três vezes em sua cabeça. Em seguida cantarolou uma musiquinha:
----Bruxa malvada
do olho caolho
Transforma-te agora
Em um pé de repolho.
Assim que ela terminou de cantar o versinho, a bruxa malvada transformou-se em um pé de repolho e ficou ali plantada em um enorme vaso o resto da vida.
A pequena fada subiu aos céus e lá de cima avistou o Pipoca que fugia feito um doido pelas ruas. Ela o alcançou rapidinho e pediu que se acalmasse, pois a bruxa malvada não faria mais mal a ninguém.
Em seguida ela jogou um pozinho mágico na cabeça do Pipoca e voltaram voando para a casa da Dona Maricota.
A Dona Maricota quando viu o Pipoca entrando pela sala, deu um berro tão grande, que fez com que toda a vizinhança corresse até lá para ver o que estava acontecendo. Vocês não imaginam a bagunça que virou a rua quando souberam que o Pipoca havia voltado.
Organizaram uma festa, com bolo, refrigerantes, pirulitos e bexigas coloridas. Até rojão o pessoal soltou para festejar a volta do cachorrinho Pipoca.
E a partir daquele dia ele aprendeu uma lição que serve para todas as crianças: "Nunca devemos sair de perto dos mais velhos quando formos passear, pois podemos nos perder, e de repente acabarmos virando cozido com batatas de alguma bruxa malvada".