A colcha de retalhos
Dona Joaninha dá uma lambidinha na ponta da linha e a enfia na agulha de mão
Alinhava a costura
(A tarde ia morna de vento nas palmeiras...)
Na sala de estar, os filhos brincam
“Lagarta pintada, quem foi que te pintou? Foi uma velha que por aqui passou!”
Apruma os óculos e baixa o calcador da máquina de costura
Em retas linhas os dedos vão ajeitando os retalhos
Vem dos meninos um grito de euforia
O retalho de pano amarelo sobreposto ao azul
No pedal da máquina os pezinhos em vaivéns
Flip, flip, flip...
Ela a coser as bordas dos tecidos
Na cozinha, o fogão a lenha conserva uma chaleira na chapa aquecida
Suspira interiormente
A linha engancha na bobina
Olha os retalhos
No mosaico das cores
A simetria do trabalho aquece-lhe o peito
Retira os fios de cabelos que lhe caíram aos olhos
Gira o volante da máquina com a mão direita no sentido anti-horário...
Precisa terminar a costura!
(As crianças querem café com pão...)