Lição de casa

Juliete senta-se numa cadeira de madeira em volta de uma mesa redonda toda enfeitada de desenhos feitos com o corretivo escolar. Abre o livro e olhos brilhando segue as linhas do texto: “... a borboleta voa no céu azul...”

Ergue a vista da página. A varanda da casa recebendo o sol da manhã... O vento batendo em seus cabelos cacheados levando-os numa dança das palhas da palmeira a sua frente...

“Olha a palha do coqueiro quando o vento dá

Olhe o tombo da jangada nas ondas do mar

...

Você tem que viver no sertão

Pra na rede aprender embalá

Aprender a bater no pilão

Ver relâmpago no mei dos trovão

Fazer cobra de fogo no ar

Para quando escutar meu baião

Imbalança, imbalança, imbalançar”

(Luiz Gonzaga. Imbalança.)

... Uma trepadeira carregada de flores cor-de-rosa no muro da casa... Borboletas brancas voando no capim verde ainda orvalhado... (Está difícil a concentração da menina na lição de casa...)

Vão passando formigas pisando macio carregando folhas e gravetos das plantas. Uma abelha pousa numa crista-de-galo que terminara de desabrochar em pétalas amarelas!... No alto do pé de acerola um passarinho canta: “Fecha os olhos, Juliete! Aqui é um reino encantado!” E ela obedece!...

... Um aroma preenche o ar!... Cheiro de pimenta-do-reino socada ao pilão... A cebola ardendo no óleo quente na panela...

E a menina a sorrir de olhos fechados, suspirando, abrindo os lábios...

_Juliete! Você já terminou suas tarefas escolares?

_Estou fazendo, tia Tetê!_A menina acorda de seu devaneio.

_Vou lhe fazer uma limonada, meu bem!

Sorrindo, a criança olha o livro. (Não podia viajar tanto na leitura!... Só à noitinha!)

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 09/07/2009
Reeditado em 02/08/2009
Código do texto: T1690265
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