Passarinho com medo de voar
Era assim desde que nascera. Passim, o passarinho, passava os dias andando pelos galhos da árvore. O máximo que sua ousadia permitia era pular de um galho para o parapeito da janela. Foi assim que ele descobriu sua imagem refletida e... Bom, aí já é outra história.
O fato é que Passim tinha um medo danado de altura. Por isso não voava. Ainda filhote, tinha a mordomia de receber apetitosos insetinhos e frutinhas direto no bico. Nesses momentos de euforia, vendo a mamãe passarinha chegando com seu alimento, Passim até batia as asas. Mas bastava pegar um ventinho e... Zupt!!! Agarrava-se firme no galho.
- Você já viu peixe com medo de água? Minhoca com medo de terra? – Dizia a mamãe, preocupada com seu filhote. Dali a pouco teriam de deixar o belo pé de romã que abrigara seu ninho rumo a outros ares.
Passim pensava, tentava, mas não conseguia. Era muito alto! Que vertigem danada! Tudo rodava!
- Leve-o ao dr. Coruja! – falavam as outras rolinhas. – Deve ter remédio para tanto medo!
Passim ouvia e sonhava. Imaginava-se voando, planando, chegando até ao grande e velho Jequitibá que ficava do outro lado da rua. Mas vinha o medo e seu coraçãozinho batia forte!
Foi aí que Alê entrou na história. O garoto, que acompanhava pela janela do seu quarto a vida do passarinho, desde a construção do ninho, já era um amigo para Passim. E foi a ele que revelou seus medos. Alê ouviu atentamente e segredou a Passim:
- Sabe, Passim. Passei muito tempo também com medo de voar. Tinha muito medo de sair do meu cantinho. Daqui era mais fácil ver a vida. Você deve se cuidar. Procure sim o Dr. Coruja. E acredite em Deus, que lhe deu essas lindas asas para você voar alto! Vá, confie em Deus e vá!
Passim ouviu com atenção. E olhou para o belo Jequitibá que balançava suas folhas ao vento. Quando deu por si, voava em direção ao seu sonho!
Alê olhava admirado aquela cena. Passim superou seu Pânico. Naquele dia, o passarinho ganhou o mundo!